quinta-feira, 14 de dezembro de 2017

O mistério que se segue...

Depois do anúncio, no início da época aquando da Supertaça Cândido de Oliveira, da intenção de ter futebol feminino, esta semana o SLB tornou público que essa vai ser uma realidade já na próxima época - 2018/2019.
 
Apesar de iniciarem a sua participação no Campeonato de Promoção, em nada belisca a vontade da FPF em ter o maior número possível de grandes clubes a disputarem as provas femininas. Isso aliado ao crescimento do número de jogadoras federadas, nomeadamente nos campeonatos mistos, leva a crer que o projecto da FPF está vivo e para durar - e com todo o mediatismo que se impõe.
 
Depois da certeza da participação, uma dúvida paira no ar no universo do futebol feminino: quem será o treinador que vai liderar a empreitada?
 
Como é normal, já muitos nomes se vão lançando para o ar, alguns até para as páginas dos jornais. Nomes de gente que esteve, até há bem pouco tempo, ligada ao futebol feminino.
De entre esses nomes, há sempre um que é equacionado: o de Pedro Bouças, que passou pelo Futebol Benfica e deixou um palmarés digno dos melhores: 2 campeonatos, 2 Taças de Portugal e 1 Supertaça, a juntar duas prestações na Liga dos Campeões muito boas. Registe-se que nos mentideros do futebol feminino, ele foi dado com um pé no Belenenses e Sporting CP, tendo já algumas jogadoras contactadas. Portanto, da mais elementar justiça a lembrança do seu nome.
 
Infelizmente, quem faz as notícias opta pelo óbvio. Porque há, pelo menos, três nomes que estão disponíveis e deveriam ser recordados - independentemente da sua vontade em aceitar - pelo seu currículo e competência, mas que têm um senão: são mulheres. E as mulheres ainda são esquecidas sempre que se fala de futebol, mesmo que seja do feminino.
 
Falo de:
- Alfredina Silva - para além da sua experiência como jogadora, é treinadora há duas décadas, com provas dadas através de títulos conquistados e equipas a jogarem bom futebol
- Helena Costa - com experiências bem sucedidas em Portugal, com a conquista de títulos, e no estrangeiro em condições bastante difíceis como são os países árabes
- Susana Cova - uma larga experiência como treinadora das selecções jovens, tendo um vasto conhecimento da realidade portuguesa ao nível dos talentos
 
No futebol feminino é muito importante que o treinador/a tenha algum enquadramento com a realidade da modalidade. Não só ao nível da forma como se relaciona com as jogadoras, que queiramos ou não é diferente da dos jogadores, mas também, e mais importante, da qualidade média das outras equipas. É muito frequente um treinador que nunca treinou equipas femininas ficar deslumbrado com o que vê nas suas jogadoras, pensando que aquilo é o máximo, porque talvez inconscientemente esteja à espera de menos, e depois quando começa a ver as outras equipas é surpreendido.
Essa situação será menos frequente numa treinadora porque já foi jogadora - não conheço excepções - e conhece bem a realidade.
 
Independentemente da escolha do SLB, que só ao clube diz respeito, o que me fez escrever isto foi a vontade de ver reconhecido o trabalho que as mulheres treinadoras de futebol têm vindo a desenvolver. E fico à espera que essa seja uma mudança nestes novos tempos da modalidade em Portugal.