quinta-feira, 1 de março de 2018

De se lhe tirar o chapéu

Portugal abriu a Algarve Cup com uma vitória inédita sobre a China por 2-1.
Este resultado terá, certamente, deixado os responsáveis chineses de olhos em bico. Não deveria estar no programa perder pontos com uma selecção que está o dobro dos lugares abaixo no ranking.
Mas, como soi dizer-se frequentemente, o futebol é um desporto fascinante por isto mesmo: a imprevisibilidade do resultado, mesmo quando tudo parece muito óbvio.
Não se pode, sequer, dizer que foi uma vitória fortuita. Apesar de alguma felicidade no segundo golo, Portugal teve outras ocasiões para marcar e ainda levou duas bolas à trave: na primeira parte pela Diana Silva (que belíssima jogadora ela se tornou) e na segunda pela Vanessa Marques. 
Aquilo que transpirou, do pequeno ecran do telemóvel em que vi o jogo, foi uma consistência e maturidade da parte da equipa portuguesa que me deixou sempre na expectativa de que iríamos dar a volta ao resultado.
E de fora ficaram dois monstros sagrados, que só não jogam se não puderem, mesmo que seja em lugares que não são habitualmente os seus: Dolores e Ana Borges.
Ou seja, a selecção portuguesa deu ontem uma imagem de quem respira saúde e alternativas.
Muito se falou de que, com o regresso de grande parte das internacionais para jogarem a Liga Allianz, o nível competitivo da selecção se ressentiria. Ontem, por exemplo, só jogaram de início duas jogadoras emigrantes: Mónica Mendes e Cláudia Neto. 
Até agora isso não tem sido muito notório. Talvez porque as jogadoras tenham regressado para dois clubes onde trabalham diariamente ao mais alto nível.
A liga portuguesa não é de facto amiga da alta competitividade; pelo menos, não aquela que é necessária para que a nossa selecção tenha o ritmo elevado, para almejar estar novamente numa fase final de uma competição. Tem de haver, seguramente, um empenho maior da parte das internacionais nos jogos em que, sabendo de antemão que vão ganhar, ainda assim não retirarem intensidade à sua prestação.
Talvez ajude o facto de saberem que estão a viver o sonho da profissionalização no seu país e, para muitas, no seu clube do coração. Uma oportunidade que não se pode desperdiçar e que, até agora, do que é dado observar de fora, todas têm levado muito a sério. 
Claro que nem tudo serão rosas, como sabe quem já por lá andou, mas o segredo está em vender o sonho da equipa unida e feliz.
Para nós, espectadores externos, o que interessa é o resultado posto em campo no dia do jogo.
Porque é só disso que se trata o futebol: um jogo fantástico de noventa minutos, em que uma equipa Portuguesa de vermelho deixa uma China amarela!