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Chamo-me Maria João Xavier, nasci em 1971, em Angola. Desde cedo que a minha apetência para dar uns pontapés na bola foi assinalada. O meu pai, meu maior mentor, esteve sempre do meu lado e incutiu-me o pensamento de nunca desistir de nada, por mais impossível que parecesse. Isso traduziu-se, entre outras coisas, na liberdade de praticar o meu desporto de eleição: o futebol.
Comecei cedo, com 9/10 anos numa equipa de bairro, na cidade que me acolheu aquando do nosso regresso de Angola, Santarém. Nunca joguei em escalões de formação mas sempre joguei com mulheres bem mais velhas que eu (18/19 anos), que muito contribuíram para o meu crescimento enquanto atleta.
O meu primeiro treinador colocava-me a extremo direito para proteger a minha integridade física mas a velocidade, já nessa altura não era (como nunca foi) o meu forte pelo que rapidamente comecei a pisar terrenos onde o confronto físico era constante, sem nunca virar a cara mas a levar muitos encontrões.
Tristemente, a única equipa que existia em Santarém, União Desportiva de Santarém, desistiu da sua equipa feminina. Naquela idade, 15 anos, foi o desabar do meu sonho de jogar futebol. Tive que encontrar uma alternativa. Estava em franca ascensão o basquetebol feminino, com equipas de formação nos vários escalões. Comecei pelo escalão júnior, mas rapidamente me puxaram para sénior, devido a minha enorme estatura para a época (1,71m). Os meus primeiros troféus nacionais conquistei-os no basquetebol no dream team da União Desportiva de Santarém, onde à época despontava a maior estrela do basquetebol nacional de sempre, Ticha Penicheiro. Foi um Campeonato Nacional e uma Taça de Portugal (troféu que nunca conquistei no futebol por inexistência da prova por alturas do meu abandono desportivo - 2003).
Mas, o bichinho do futebol nunca desapareceu e, após o meu ingresso na faculdade, foi-me colocado o desafio de voltar ao futebol. Não pensei duas vezes. Deixei o basquetebol (na altura recebia uma “fortuna” mas nunca foi o dinheiro que me moveu no desporto) e fui atrás do meu sonho.
A seleção nacional estava a retomar o seu caminho, depois de 10 anos de interregno e isso era motivo mais que suficiente para manter a motivação e ambição de ser cada vez melhor e, quem sabia, um dia ouvir o hino nacional em representação do meu país.
Consegui concretizar esse meu sonho por 76 vezes, nunca cheguei a fase final de nenhuma competição feminina mas desbravei, como muitas outras minhas colegas (incluindo as das gerações de 1980), parte do caminho para que um dia fosse possível viver a presença de uma seleção feminina numa grande competição. Concretizei, mais esse objetivo, a 19 de julho de 2017, com o jogo Portugal - Espanha, EURO 2017.
Durante a minha carreira desportiva, no futebol, conquistei 5 Campeonatos Nacionais, que muito me enchem de orgulho.

Quando abandonei a prática dediquei-me, em momentos diferentes, ao dirigismo. Foram poucos anos mas com experiências enriquecedoras.





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