quarta-feira, 22 de novembro de 2017

A radiografia às equipas da Liga Allianz - transportes (II)

Neste segundo texto vamos abordar a questão que maior dificuldade nos colocou quando recebemos a informação por parte das equipas. A informação entretanto recebida pelo Valadares Gaia já foi tipificada e incluída neste texto.

A disparidade entre o que cada equipa disponibiliza às suas atletas é abissal. A começar pelos treinos, encontramos clubes que são totalmente responsáveis pelo transporte das suas atletas para os treinos, através de carrinhas ou autocarros com locais próprios para a entrada das atletas.

Outra realidade descrita é o pagamento de ajudas de custo a atletas que utilizam os seus recursos próprios para se deslocarem para os treinos (e jogos enquanto clube visitado). Há, também, atletas quem se deslocam para os treinos de transportes públicos.

Encontramos várias equipas em que o transporte para os treinos é efetuado, através dos dirigentes e treinadores em conjunto com carrinhas dos clubes. 

Mas, encontramos, ainda, equipas cuja responsabilidade de chegar aos treinos é exclusivamente das atletas e treinadores, sem que haja qualquer comparticipação do clube nessas deslocações. E aqui, parece-me que será importante os clubes reverem as suas prioridades na atribuição de subsídios, ajudas de custo ou o que lhe quiserem chamar. 

Deveria ser regra as atletas não terem que pagar para ir treinar (ou jogar, já lá vamos). Até porque como se sabe os combustíveis não são propriamente baratos e é mais um encargo suportado pelas atletas/treinadores para praticarem o desporto que as apaixona. 

No que se refere aos jogos, aqui a questão divide-se dependendo da distância enquanto visitante. Para deslocações iguais ou superiores a 100 km, uma equipa desloca-se em autocarro próprio, outra recorre a autocarro próprio caso haja disponibilidade e as restantes socorrem-se (e bem) do protocolo estabelecido pela FPF e uma empresa de transportes.


Se a distância é inferior a 100 km, bom aqui também são evidentes as diferenças. Nos mesmos clubes onde as atletas e treinadores são responsáveis pelas suas deslocações (sem ajuda dos clubes), passa-se o mesmo quando os jogos são próximos das suas localidades.

Nas restantes situações, os clubes utilizam recursos próprios (carrinhas/autocarros) ou ainda outras alternativas (disponibilizados pelas autarquias) para transporte das atletas. Ou seja, podemos afirmar que 80% das equipas assegura o transporte das suas atletas enquanto visitante com distâncias mais curtas, independente da forma como o efetuam. 

E ainda bem que o fazem, especialmente por uma questões de segurança mas também por questão de rendimento desportivo das atletas que vão a conduzir antes do jogo. Não poderão ter, por muito que queiram, o mesmo rendimento que teriam se pudessem não ter essa preocupação.

Em jeito de conclusão será sempre preferível assegurar o transporte (quer para treinos quer para jogos) das atletas sem o recurso aos seus veículos. Especialmente no pós treino se a distância ainda for considerável, uma vez  que permitirá às atletas regressarem a casa mais descansadas do que ter que enfrentar uma viagem onde a concentração é exigência.

Também sei que se não for recorrendo a esta solução, as equipas a que me refiro possivelmente não teriam possibilidade de competir, o que é impensável quando conquistaram esse direito com todo o mérito. 

Daí que vos deixo uma reflexão (é minha e vale o que vale) sobre esta questão de utilização de veículos pessoais das atletas, treinadores e dirigentes por parte de algumas equipas, especialmente quando não há qualquer tipo de contrapartida pelos clubes. São vários os cenários que podemos traçar e perceber que é uma enorme risco as atletas, treinadores e dirigentes recorrerem às suas viaturas. Em caso de acidente, por mais ligeiro que seja, coloca-se de imediato a questão da responsabilidade. Em caso de agravamento do prémio do seguro por ativação deste, será quaisquer uma das pessoas referidas acima a suportar o custo acrescido.

Desejo sinceramente que os clubes com maiores dificuldades neste âmbito consigam alternativas para melhorar as condições oferecidas às atletas.

Ainda se joga por “amor à camisola” mas cada vez mais convém fazê-lo em segurança!