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domingo, 8 de setembro de 2019

Supertaça 2019: Braga e Benfica na disputa

imagem: FPF ©️

Começa hoje, oficialmente, o calendário competitivo do futebol feminino 2019/2020. 
As épocas iniciam-se com a Supertaça, prova que opõe o vencedor da Liga ao da Taça de Portugal.
Mercê da construção de uma super equipa, o Benfica apesar de ter estado no Campeonato de Promoção, conseguiu chegar à final da Taça de Portugal e vencê-la. Para isso derrotou copiosamente o Braga, no jogo da 2ª mão das meias finais na casa do adversário, ficando com o caminho facilitado para a vitória final, frente a um Valadares muito esforçado mas insuficiente para uma equipa que é profissional e treina todos os dias com melhores condições. 
O jogo de hoje, para além deste pequeno grande pormenor de dar a possibilidade ao Braga de tentar corrigir a imagem deixada naquela 2ª mão, é disputado com um Benfica já reforçado e de pleno direito na Liga maior de Portugal. 
Será um jogo que, agora mais ainda, poderá pender para qualquer um dos emblemas. 
Poderá dizer-se que o Braga está mais rodado e com outro ritmo, mercê da participação vitoriosa na fase de grupos da UWCL, e isso poderá de facto dar alguma vantagem, já que o Benfica fez uma pré-época com adversários mais fracos. Nos entanto, a chamada de seis jogadoras à selecção A para a viagem aos EUA, com a chegada a ocorrer um dia depois da data FIFA, já quinta-feira, pode trazer alguns constrangimentos ao desempenho da equipa, que terão que lidar também com o jet lag. 
No entanto, nada disto terá importância quando o apito da árbitra soar e a bola começar a rolar. 
Na mente de todas as jogadoras, do Braga e do Benfica, estará só um pensamento: vencer. Se para isso tiver que haver mais sacrifício, acredito que nenhuma se negará a esse esforço. 
O jogo será realizado em Tondela e pela primeira vez terá entradas pagas, a um preço simbólico de um euro, e a receita reverterá para obras de carácter social da região. Uma boa política para os jogos do futebol feminino.
Para quem não possa ir ao estádio, pode acompanhar no Canal 11 a partir das 18h45m. 
Que seja um grande início de época, um grande jogo de futebol e uma festa cheia de fair play nas bancadas do estádio, já que dentro de campo no feminino isso é mais habitual. 

#RespondeEmCampo
#DeixaJogar
#WePlayStrong

terça-feira, 7 de maio de 2019

Quo vadis, Sporting?


Quando tudo o que havia para conquistar nesta época já está ganho ou, não estando, o Sporting não está na luta - caso da Taça de Portugal, a questão impõe-se.

Interrompeu-se o ciclo vitorioso de cinco troféus nacionais consecutivos, conquista essa que o Futebol Benfica já tinha logrado alcançar. 

O equilíbrio será cada vez maior entre as equipas nacionais e os ciclos vitoriosos terão tendência a ser cada vez mais curtos, para bem da divulgação e promoção da modalidade. Perdeu, portanto, o Sporting uma ocasião de estabelecer um novo record.

Mas o que terá perdido mais?

Numa primeira análise percebe-se que foi perdendo gás, ao longo destes três anos. A equipa alegre da primeira época foi dando lugar a uma mais lenta, com um futebol cada vez menos atractivo. Apesar disso, foi na segunda época que teve uma maior facilidade em ser campeã. Muito por força dos seus talentos individuais, porque o Braga não conseguiu impor-se e as outras equipas não conseguem, ainda, fazer grande mossa a estas equipas profissionais.

Esta época foi o canto do cisne. A incerteza directiva do início de época trouxe alguma insegurança. E em duas penadas perdem dois objectivos: tentar passar a fase de grupos da Champions, por uma unha negra, sejamos justos, e a Supertaça. 

Tem de haver uma análise muito minuciosa quanto à composição do plantel e estrutura técnica, quando se ganha tudo em duas épocas. A saturação é uma coisa frequente nas equipas femininas, porque as mulheres precisam de projectos que as motivem. 

Houve claramente ao longo deste tempo uma falta de liderança consolidada, uma simbiose entre departamento e equipa técnica, e quando assim é não há projecto que resista. 

O Sporting precisa de gente nova, que areje o status quo da equipa sénior, sob pena de ficar a marcar passo mais uma época. Sendo que com a entrada mais do que certa do Benfica na Liga BPI, as dificuldades irão aumentar. 

Há matéria prima para o projecto do futebol feminino do Sporting continuar vivo e bem vivo, tanto nas seniores como na formação. E certamente não deixará de haver quem queira assumir a responsabilidade dos seus destinos.
 
Para bem do futebol feminino desejo que assim seja! 
 

terça-feira, 11 de dezembro de 2018

O fim de um ciclo?


A derrota do Sporting CP na 10 jornada da Liga BPI representou a primeira do clube de Alvalade a nível interno, no tempo regulamentar, e caminha-se para o fim de um ciclo de domínio inequívoco da equipa verde e branca, desde que reativou a equipa feminina, na época 2016-2017.

Mas não é sobre o jogo grande da jornada 10 nem tão pouco sobre os clubes intervenientes que escrevo umas linhas. O tema é mesmo o encurtar dos ciclos de domínio de uma equipa sobre as restantes.

Logo à cabeça surge o nome de duas equipas com inegável palmarés: Boavista FC e SU 1º Dezembro. Foram, sem qualquer margem de duvidas, as grandes dominadoras do futebol feminino nacional durante décadas. Convém não esquecer que o clube do Porto é o único cuja equipa se mantém em atividade desde os primórdios do futebol feminino nacional (há mais de 30 anos). Quando apareceu a primeira competição da responsabilidade da Federação Portuguesa de Futebol (FPF), em 1988, designada de Taça Nacional, o Boavista conquistou todas as cinco edições desta prova. 

O registo continuou com o aparecimento do Campeonato Nacional, cujas três primeiras edições foram para o clube da cidade invicta. Este ciclo do Boavista terminou na edição de 1995-1996, quando o Lobão "roubou" pela 1ª vez um troféu às axadrezadas. Mas, como seria de esperar, o Boavista volta a conquistar o Campeonato Nacional logo na época seguinte, que marca também o último que conquistou (1996-1997).

Nas épocas seguintes, entre 1997-1998 e 2000-2001, o Gatões (Matosinhos), conquistou três Campeonatos Nacionais, sendo que o último (2000-2001) permitiu que fosse o primeiro representante nacional na primeira competição de clubes da UEFA.

O troféu da época de 1999-2000 representou o primeiro dos 12 campeonatos nacionais que a SU 1º Dezembro conquistou, sendo 11 consecutivos (2001-2002 a 2011-2012), marca impressionante e que, dificilmente, nos próximos anos será repetida ou ultrapassada.
Com o evoluir das exigências, em 2004, surge a primeira edição da Taça de Portugal feminina, cujo primeiro vencedor foi a SU 1º Dezembro (que voltaria a repetir o feito por mais sete ocasiões). À SU 1º Dezembro apenas faltou a conquista de uma Supertaça Feminina, mas quando a competição foi lançada já a SU 1º Dezembro tinha encerrado a sua equipa sénior, de longe a mais representativa do clube. Decisões, no mínimo, estranhas.
Quem aproveitou a queda livre da SU 1º Dezembro foi a Ouriense, que dominou nas duas épocas seguintes (2012-2013 e 2012-2014), conquistando também a Taça de Portugal em 2013-2014. Conseguiu, ainda, o feito histórico de ser até à data a única equipa portuguesa a ultrapassar a fase de mini-torneio da Liga dos Campeões feminina, passando à fase a eliminar.
Sucede ao Ouriense, o Clube Futebol Benfica, que conquistou dois campeonatos nacionais, duas Taças de Portugal e foi o primeiro clube a conquistar uma Supertaça, em 2014-2015.
Na época de 2016-2017, assiste-se às entradas do Sporting e do Braga e com eles a mudança completa do que eram as competições femininas até então. São formadas as primeiras equipas com jogadoras profissionais e a disputa fica resumida a estas duas. É que excluindo o domínio da SU 1º Dezembro, todas as épocas seguintes a incerteza do vencedor pairou até quase ao final.
Assiste-se, agora, ao final do domínio do Sporting. Poderá ser precipitada esta afirmação. É verdade, admito que sim, mas os cinco pontos de desvantagem que tem antes da final da primeira volta, deixa o clube leonino apenas com um troféu para conquistar, a Taça de Portugal, que depende única e exclusivamente de si.
Estaremos a assistir ao inicio do ciclo do Braga? Para já, está bem lançado para conquistar a sua primeira Liga.
É que para a Taça de Portugal há outro concorrente de peso e que nunca escondeu que o objetivo da época de lançamento era a conquista desse troféu: o SL Benfica.
Preparem-se que a próxima época vai ser, de longe, a mais emocionante de todas até agora. Três grandes clubes à procura de conquistar os troféus em disputa.
E os ciclos vão ser, seguramente, cada vez mais curtos.
(Texto publicado originalmente no Sindicato dos Jogadores).

terça-feira, 19 de junho de 2018

2017/2018 - A época em revista


A época que agora terminou confirmou todo o potencial da equipa do Sporting CP que revalidou o título nacional da Liga Allianz, reconquistou a Taça de Portugal e adicionou a estes troféus a conquista da Supertaça, tendo sempre como adversário direto o SC Braga.

A época começou bem cedo para o Sporting CP com a participação no mini torneio de qualificação para a UEFA Women's Champions League (UWCL), realizado em Budapeste, Hungria. Nesta primeira participação a equipa verde e branca não conseguiu passar à fase seguinte, após ter perdido o jogo inaugural.

Internamente, a época começou a 3 de setembro com a realização da Supertaça tendo como equipas os suspeitos de sempre, Sporting CP e SC Braga. O jogo, analisado na altura, valeu pela emoção e incerteza do resultado, especialmente quando o SCP empata já em período de compensação e leva a decisão para prolongamento. Nestes 30 minutos, o SCP revelou-se melhor a todos os níveis o que não é de estranhar dado que nesta altura já tinha realizado jogos altamente competitivos como os que são os do MT da UWCL. Este foi talvez em toda a época o jogo em que o SC Braga esteve mais perto de derrotar o Sporting CP e conquistar o seu primeiro troféu, desde que regressou à modalidade.

A Liga Allianz muito cedo ficou decidida contrariamente ao que os treinadores sempre deram a entender (o que se percebe, há que motivar as jogadoras e manter os adeptos em redor das equipas). Ao triunfar em Braga, na 3ª jornada (30 de setembro 2017), a equipa leonina deu um passo de gigante rumo ao bi campeonato, como viria a acontecer. O empate verificado em Vila Verde pelo SC Braga na 6ª jornada aumentou a diferença pontual para 5 pontos, sendo que a 5 de novembro a Liga Allianz estava entregue. Para poder aspirar a mudar este cenário o SC Braga teria que ter feito muito mais no jogo em Alvalade, mas o jogo foi muito pouco emotivo.

Uma palavra de reconhecimento a todas as outras equipas que participaram na Liga Allianz, que lutam com "armas" desiguais quando comparado com estas duas grandes equipas. Nem o Estoril Praia, que se reforçou e bem para os lados de Benfica conseguiu fazer mossa pese embora o empate alcançado quando recebeu o Sporting CP. A diferença de argumentos é abissal e assim irá manter-se (ou até mesmo aumentar).

Admito que este texto peca por não ter uma abordagem ao Campeonato de Promoção. Não porque seja uma competição menor mas por manifesta falta de disponibilidade para acompanhar estes jogos. Sei, todavia, que há muitas jogadoras com enormes potencialidades e que aguardam a sua oportunidade para dar o salto para uma equipa de nível superior.  Deixo o desafio a quem segue esta competição para relatar as incidências da mesma. Até porque a conquista do título por parte da Ovarense está envolta em grande polémica e seria importante que tudo ficasse devidamente esclarecido em nome da verdade desportiva.

A Final da Taça de Portugal, disputada no final de maio foi outro espetáculo fantástico. Mais uma vez, a vitória sorriu ao Sporting CP, já no prolongamento, depois de um jogo em que o SC Braga viu um golo ser anulado (e bem) pelo VAR e dispôs de várias oportunidades flagrantes para se adiantar no marcador. O disparo a mais de 30 metros da Diana Silva só parou no fundo das redes da Rute Costa.

Umas notas finais para a seleção feminina. A eliminação da fase final do Campeonato do Mundo de 2019, em França ficou consumada no passado dia 8 de junho, com a derrota em Florença, contra a Itália. Portugal iniciou esta caminhada com a moral em alta depois da participação história no EURO 2017, na Holanda. O grupo não se antevia fácil mas permitia efetivamente sonhar com a qualificação. A derrota no jogo inaugural, contra a Bélgica, foi um enorme balde de água fria mas nada estava perdido. Portugal retomou a senda vitoriosa impondo uma goleada à Moldávia e ganhava alento para o jogo contra a Itália, realizado no Estoril. Se há jogo que em que a sorte não protegeu Portugal e nada quis connosco foi este. O pragmatismo italiano voltou a fazer das suas.

Pelo meio, Portugal realizou um brilhante percurso na Algarve Cup, garantindo um 3º lugar nunca antes alcançado e mostrou toda a sua evolução a países que normalmente não se cruzam no nosso caminho. As opiniões foram unânimes mas esta foi a que eu melhor retive.

Agora é tempo de recuperar e recarregar baterias. As exigências da próxima época estão aí à porta. O Sporting CP é o primeiro a entrar em ação com a participação, novamente, no mini torneio de qualificação para a UWCL, logo no inicio de agosto (a época será longa).

Para a próxima época teremos outros motivos de interesse e que vão aumentar seguramente a visibilidade do futebol feminino nacional. Refiro-me, especialmente, ao arrancar da equipa do SL Benfica e das suas legitimas aspirações a chegar à final da Taça de Portugal.

Mas sobre isto, falaremos noutra oportunidade.

Agora é tempo de apoiar a nossa seleção maior no Mundial da Rússia.

Boas férias.

quinta-feira, 14 de junho de 2018

Conseguirá o futebol feminino mover multidões?



Nas últimas semanas decorreram vários jogos de relevo pelo mundo fora e que foram noticia não só pela importância das respetivas competições mas sim pelo número de espectadores que se deslocaram ao estádio para assistir ao vivo e a cores aos vários jogos.

Quem é que não se lembra da final do Campeonato do Mundo de 1999, entre os Estados Unidos da América (EUA) e a China, realizado nos EUA e que teve uma assistência de 90 185 espetadores?

Mas se a nível de selecções já havia registos bastante animadores sobre o número de espectadores (basta recordar os jogos da Holanda no seu país para o EURO 2017 e mais recentemente num dos jogos de qualificação para o Mundial 2019), a nível de clubes não é frequente ter-se informação tão detalhada. De forma que quando é divulgado que o jogo que iria atribuir o título de campeão da Liga MX Femenil (México) teve uma assistência de 51 211 espetadores no estádio, a surpresa é enorme (pelo menos para mim foi). Mas não se ficou por aqui dado que a Final da Taça de Inglaterra entre o Chelsea e o Manchester City levou ao Estádio de Wembley 45 423 adeptos. É obra, há que reconhecer.

Internamente, não andamos longe do que se vai vendo pela Europa fora. O aparecimento de equipas como o Sporting CP e o SC Braga veio dar à modalidade um impulso (e destaque) nunca antes observado bem como fez regressar a Portugal um conjunto de jogadoras que evoluíam em equipas estrangeiras e, com elas uma melhoria significativa na qualidade dos jogos. Aliás, os jogos do Sporting CP realizados em Alvalade representam as maiores assistências registadas na Liga Allianz e ambas as finais da Taça de Portugal, entre o Sporting CP e o SC Braga, as maiores assistências no nosso futebol feminino (mais de 12 000 e 11 714 espetadores em 2016/2017 e 2017/2018, respetivamente). Pode parecer uma tremenda injustiça para as equipas que andam há décadas a lutar pelo futebol feminino nacional, mas a mercado funciona assim mesmo. Espero que consigam crescer também com este destaque que agora se observa. Seria de elementar justiça.

A juntar a esta assistência no estádio, não podemos negligenciar os números fantásticos da assistência através da RTP 1, com mais de meio milhão de espetadores. Para a próxima época teremos mais uma equipa a contribuir para esta dinâmica, o SL Benfica, que mesmo entrando pelo Campeonato de Promoção vai apostar bem forte para chegar à final da Taça de Portugal no ano de estreia.

Mas, como surgem estas assistências pouco usuais no futebol feminino? Bom, isso pode ser explicado de várias perspectivas mas a partir do momento em que a FIFA reconhece que o futebol feminino é o futuro cria-se uma nova marca que, para ter sucesso, tem que ser apetecível comercialmente. Tomando por exemplo Ligas tão competitivas como a alemã, inglesa e francesa, regra geral, são equipas destas ligas que discutem o apuramento para a Final da UEFA Women's Champions League (UWCL) até às últimas eliminatórias (este ano estiveram nas meias-finais 2 equipas inglesas, Chelsea e Mancherter City). A final deste ano, em Kiev, disputada entre o Lyon e o Wolsburgo teve uma assistência acima dos 11 000 espetadores. 

Quem se recorda da Final disputada, em 2014, em Lisboa? Foram 11 217 os espetadores que se deslocaram ao Estádio do Restelo para assistir a três espectáculos num só... A vista fenomenal que o estádio proporciona sobre Lisboa, a final entre o Wolsburgo e o Tyresö FF e no final foram brindados com um concerto do Anselmo Ralph.

Mais recentemente, o presidente da UEFA, Aleksander Čeferin, afirmou que a final da UEFA Women's Champions League irá tornar-se num dos pontos altos do calendário por direito próprio. Tanto é que a edição de 2017/2018 foi a última em que ambas as finais desta competição se disputaram na mesma cidade.

Se num dado momento a fórmula foi importante para dar impulso à final feminina, atraindo mais comunicação social e espetadores (uma vez que se disputavam com um dia de intervalo, feminina à quinta-feira e a masculina ao sábado), atualmente torna-se cada vez mais complicado conseguir logisticamente acomodar os milhares de adeptos que se deslocam massivamente para as cidades onde se disputam as finais. Mas esta separação permite, especialmente, promover cada vez mais a final feminina e negociar direitos (televisivos, por exemplo) individualmente sem estar incluída no pacote negociado para a final masculina.

É, sem dúvida, um avanço tremendo e uma mudança na forma de pensar (e mesmo negociar). A cidade de Budapeste será o palco para a final feminina de 2018/2019 enquanto a masculina será realizada em Madrid.

Não só em Portugal se assiste à entrada dos chamados clubes grandes no futebol feminino. Na vizinha Espanha apenas o Real Madrid continua resistente mas os seus maiores rivais (Barcelona e Atlético de Madrid) têm equipas que dão cartas pela Europa fora. Também de Inglaterra chegam boas noticias, com a criação de equipa feminina no Manchester United de forma a dar continuidade ao projeto de formação que tão boas jogadoras têm formado para depois serem contratadas por outras equipas, que agora serão adversárias. Mais recentemente, boas novas de Itália com o Milan a comunicar a intenção de criar uma equipa feminina (através da aquisição dos direitos desportivos do Brescia) e, com toda a certeza, discutir taco a taco as várias competições com a Juventus.

Sejamos honestos, são os clubes grandes que movem multidões, que chamam espetadores aos estádios e "exigem" mais atenção por parte das Instituições que regem o futebol feminino. A FIFA e a UEFA viram e perceberam rapidamente que há um novo filão a explorar (e bem) mas isso só ocorre porque o que se traduz dentro do terreno de jogo são espetáculos de enorme qualidade técnico-táctica, através de jogadoras com capacidades desportivas elevadas, capazes de fazer maravilhas com a bola e assim captar e cativar os adeptos de futebol. Se assim não fosse, o futebol feminino não se tornaria numa marca apetecível.

Sim, o futebol feminino vai ter destaque por si só e vai mover multidões!

Porque fez por merecer esse destaque!

Porque a qualidade dos jogos e as suas jogadoras assim o exigem!

sexta-feira, 19 de janeiro de 2018

Sport Lisboa e Benfica - o projeto em execução

Depois do anúncio que o SL Benfica iria mesmo aventurar-se no futebol feminino, conforme tinha prometido, começam agora a surgir as primeiras noticias (uma confirmada e outras a aguardar seguramente melhor data).

Ora o primeiro anúncio oficial surgiu dia 16/01/2018, pouco mais de um mês do chamado pontapé de saída do futebol feminino no SL Benfica, com a contratação da guarda-redes Dani Neuhaus. A 17/01/2018, surge a noticia de que teriam também contratada  a avançada Darlene Reguera, mas ainda sem confirmação oficial (ou eu não encontrei). No entanto, podemos agradecer desde já a esta atleta a informação que partilhou com todos os adeptos do futebol feminino nacional nesta entrevista ao divulgar alguns detalhes do projeto que está a ser preparado. Nesse mesmo dia desfaz-se o mistério de quem será o futuro treinador da equipa em formação mas, a acreditar na notícia, só será apresentado em fevereiro (quem sabe no dia 4 de fevereiro... a ocorrer nesse dia será cirurgicamente pensada). Não seria suposto apresentar o treinador em primeiro lugar e depois começar a divulgar as atletas entretanto contratadas? Teria mais lógica pois será pouco plausível que o SL Benfica proceda à contratação de atletas sem o aval do futuro treinador. Uma coisa percebe-se de imediato: não estão para brincadeiras.

Nenhuma equipa atualmente está a salvo de ter atletas a serem contactadas para representar o SL Benfica, incluindo o SC Braga e o Sporting CP, sendo que nestes a dificuldade será seguramente acrescida. O que se antecipa é que todas as atletas (profissionais e não profissionais) a atuar em Portugal podem procurar negociar e melhorar as suas condições contratuais uma vez que há um outro clube com possibilidade de oferecer mais e melhores condições. Talvez o anúncio de atletas a jogar em Portugal só seja realidade após 30 de junho do corrente ano, o que a ocorrer revelará respeito pelas restantes equipas nacionais. Seja como for, a fazer fé no que diz a notícia, o facto de já existirem contactos com atletas não vai ajudar a que o resto da época se desenrole com a necessária concentração para que os objectivos traçados sejam alcançados. Uma coisa é certa, todo e qualquer anúncio oficial por parte do SL Benfica irá ter repercussões (mesmo que inconscientemente) na prestação de todas as equipas até ao final da época em curso (alguém acredita que não existem contactos e que o SL Benfica - ou a quem transferiu a responsabilidade da criação da equipa - vai aguarda pelo final da época para abordar as atletas que lhe interessem? Eu não acredito). 

Também as atletas portuguesas que evoluem em equipas estrangeiras poderão negociar o seu regresso com outras vantagens. E falo destas porque podem ser possíveis contratações do SL Benfica, especialmente as que são internacionais, com provas dadas e enorme experiência competitiva (por exemplo, a Carolina Mendes, a Mónica Mendes, a Jéssica Silva ou a Raquel Infante. Não refiro propositadamente a Cláudia Neto dado que dificilmente conseguirá melhores condições do que as que dispõe atualmente ao serviço do Wolfsburg. É outro patamar). Qual é a equipa que não gostaria de ter algumas das melhores atletas portuguesas nas suas fileiras? O SL Benfica não será, certamente, exceção. Prevê-se que vá ser um defeso animado no que diz respeito ao futebol feminino.

Mas, a ver pelo exemplo da atleta confirmada e da outra possibilidade, o SL Benfica vai apostar numa equipa forte para entrar no Campeonato de Promoção (será apenas o cumprir da formalidade de iniciar na competição devida) pois acredito verdadeiramente que o objetivo imediato é poder competir na Taça de Portugal e defrontar, já na próxima época, o seu eterno rival, o Sporting CP. E se for na final, então teremos logo no inicio da época seguinte a Supertaça (isto considerando que o Sporting CP conquista a Liga Allianz de 2018/2019 e o SL Benfica alcança - e conquista ou perde contra o Sporting CP - a final da prova rainha na mesma época)... os primeiros confrontos serão antecipados ainda antes do SL Benfica alcançar a Liga Allianz e prometem muita emoção.

Só ainda não consegui foi encontrar qualquer informação sobre esta afirmação "será mantida a ligação às escolinhas e à formação, onde já existe no Clube a presença de jovens jogadoras, que no passado não tiveram uma solução de continuidade e que agora poderão apontar para um percurso que vise a alta competição"

Aguardemos por futuras movimentações (que serão estrategicamente anunciadas) mas que promete... promete!

quinta-feira, 7 de setembro de 2017

Os palcos do futebol feminino

Texto inicialmente publicado no Futebol Feminino em Portugal


Na sua terceira edição, a Supertaça Feminina Allianz, apresentou-se em estádio grande, para fazer jus à dimensão dos clubes envolvidos – Sporting Clube de Portugal e Sporting Clube de Braga.
Pensar-se-ia, com isto, que a assistência seria ao nível da Taça de Portugal, mas já em edições anteriores se percebera que a adesão não é, nem de longe nem de perto, a mesma. Acredito que o efeito Jamor, e o seu historial nas finais da Taça, tenha um efeito extra na massa adepta.
O Estádio Cidade de Coimbra é simpático, apesar daquela pista de atletismo que nos distancia do fulcral: o terreno de jogo.
A organização teve um rol de problemas, que não foram condizentes com o espectáculo e o recinto engalanado: desde seguranças indelicados, a casas de banho sem luz (do género de ser preciso recorrer ao telemóvel para se ver alguma coisa) e a cheirarem mal, e um bar que só funcionava por clubes (sendo que como estava colocado mais perto da claque do Sporting de Braga, só esses adeptos podiam utilizá-lo durante o intervalo, tendo os restantes adeptos que esperar o jogo começar para o bar estar vazio).
Desde a época passada, em que foi criada a Liga Allianz com a entrada de grandes clubes nacionais, que existe um novo paradigma no futebol feminino em Portugal. A competição tornou-se diferente, reduzida a dois clubes com hipóteses de ganharem troféus, porque dotados de condições excepcionais e só ao alcance de alguns. Não me vou debruçar sobre a parte desportiva deste novo paradigma.
O que me desagrada é que tenha sido trazido para o futebol feminino o pior do futebol masculino, em maior escala do que já havia. Claques a entoarem cânticos ordinários, seguranças que ficam histéricos e não deixam que o público se misture (vi uma senhora com a camisola da Rute Costa – guarda-redes do Braga – sentada no meio dos adeptos do Sporting, tranquilamente e sem ninguém a incomodar), estádios gigantes e que depois não têm condições para receber as pessoas, principalmente as mulheres, essas mesmas de que tanto se fala serem o novo público-alvo do futebol.
Em relação ao comportamento dos adeptos, é certo que já havia campos com público difícil, mas penso que esta é uma área em que se pode desenvolver trabalho. Mudar o rosto do público no futebol feminino seria uma grande aposta. E essa aposta tem de começar a ser feita a partir de baixo, desde os escalões de formação.
Também as condições de alguns campos não são as melhores. Volto a referir as instalações sanitárias, por ser um assunto de maior importância quando se é mulher. Trazer as mulheres para o futebol exige um novo olhar que seja amplamente periférico. Tem de haver sensibilização junto dos clubes para melhorarem as suas instalações, quiçá ajudá-los a pôr em prática ideias que já têm.
Convém não esquecer que, apesar de todo o brilho que se faz quando o Sporting e Braga se encontram, a ampla maioria dos jogos da Liga Allianz são presenciados por adeptos que são amigos e familiares das jogadoras. Tudo numa escala proporcional à dimensão dos clubes. É aí que tem de começar o trabalho. Só assim se estará a fazer um verdadeiro investimento na promoção do futebol feminino.

quarta-feira, 6 de setembro de 2017

A final da Supertaça feminina pela perspetiva de uma adepta

Declaração de interesses: não pretendo realizar a análise da final da Supertaça feminina numa perspetiva técnico-tática. Não tenho qualquer ambição de comentar incidências desportivas mais do que na perspetiva de adepta incondicional do futebol feminino nacional. Posto isto...

O jogo a que assistimos no passado domingo não foi um bom jogo de futebol. Qualquer dos três jogos disputado anteriormente entre o Sporting Clube Portugal e o Sporting Clube de Braga foram melhores espetáculos. Aliás, tenho para mim que os próximos jogos entre estas equipas, o nível irá sempre diminuir. Os receios mútuos e a inegável vontade de vencer de ambas as equipas vai conduzir a jogos pouco atrativos, em que ambas se vão tentar anular mutuamente e os confrontos serão decididos em detalhes. Espero estar enganada!
Não confundamos não ter sido um bom jogo, daqueles que enchem os olhos dos adeptos com um jogo cuja emoção e incerteza do resultado final esteve sempre presente. São perspetivas diferentes! 
A disputa do primeiro troféu da época apresentou duas equipas em patamares completamente diferentes. O Sporting iria para o seu 4º jogo oficial e o Braga iria realizar o 1º. E o que eu vi, especialmente na 1ª parte foi um Braga melhor posicionado e confortavelmente a desenvolver o seu jogo, pautado pela Dolores bem secundada pelas restantes companheiras. Na retaguarda a Rute Costa era a última barreira e o Sporting viu-se "grego" para a derrubar. 
Ainda antes do 1º golo do jogo, o Braga teve uma oportunidade negada pela Patricia Morais com uma monumental defesa! Uma coisa é certa, ambas as balizas estavam bem trancadas!
O golo das Guerreiras surge de um livre magistralmente cobrado pela Dolores e finalizado de forma fulgurante pela Pauleta, antecipando-se às centrais do Sporting.
Não será justo dizer que até aqui o Sporting não existiu porque não é verdade. No entanto, as poucas tentativas para sair para o ataque terminavam invariavelmente com um passe menos conseguido ou pela antecipação de uma adversária. 
O golo não causou grande incomodo nas Leoas até porque já tinha acontecido o mesmo na final da Taça de Portugal e ainda o jogo não tinha 15 minutos.
O Braga mostrava-se, neste período, mais equipa enquanto o Sporting ia jogando por rasgos individuais... a dependência da velocidade e confronto um para um da Ana Borges na equipa do Sporting é cada vez mais evidente! Isso é mau? Não, mesmo que por algum impedimento esta não possa jogar acredito que o Sporting terá alternativa. 
Com o passar dos minutos, o Sporting começa a equilibrar as disputas a meio campo e a criar situações de embaraço através do tridente ofensivo sem contudo conseguirem preocupar em demasia a Rute Costa.
A 2ª parte começa com a ascensão do Sporting, a dar os primeiros sinais que queria mudar o resultado. Assistiu-se ao recuo do Braga, talvez fruto da menor condição física (o que será natural, o Sporting além dos 3 jogos da UWCL tinha mais 3 do torneio de Tenerife), que começou a revelar-se perigoso. O Sporting assume as rédeas do jogo, o Braga começa a não conseguiu sair com bola controlada do seu meio campo defensivo e vê-se obrigado a correr atrás da bola. A entrada da Edite parece-me que tinha como objetivo colocar alguma ordem no jogo do Braga e respeito na equipa do Sporting, dada a enorme experiência acumulada. Ganhou e fez faltas cirúrgicas mas não havia espaço para ameaçar a baliza da Patricia Morais. Com o passar dos minutos, começa-se a assistir ao festival de oportunidades falhadas pelas jogadoras do Sporting, algumas com muito mérito e responsabilidade da Rute Costa, outras por demérito das jogadoras do Sporting! A da Ana Leite deve ter trazido muito más recordações aos sportinguistas quando há duas épocas o Bryan Ruiz fez semelhante contra o SL Benfica!
Por altura da entrada da Ana Capeta, já o Sporting tinha disposto de várias oportunidades para não ter que colocar à prova o coração dos seus adeptos e reforçar a determinação do Braga em manter o resultado até ao final.
E como os jogos só terminam quando o árbitro apita, depois de tantas oportunidades desperdiçadas, o golo do empate surge de uma jogada de insistência da Ana Capeta, a suspeita do costume a desembrulhar os jogos contra o Braga.
E com este golpe de teatro mas mais que justo, o jogo iria ter 30 minutos adicionais do prolongamento.
E ainda bem que teve na perspetiva do adepto porque o melhor estava guardado. Não falo do resultado mas sim do fantástico remate da Laura Luís que embateu estrondosamente no ferro da baliza da Patricia Morais! Seria um golo de levantar qualquer estádio.
Depois deste enorme susto, só deu Sporting. Não só porque demonstrava maior disponibilidade física mas também porque o Braga claudicou animicamente após o golo sofrido ao minuto 92. 
O resto, bom o resto já se sabe como foi! A Ana Capeta e companhia limitada construíram o resultado final e o Sporting conquistou o primeiro troféu da época.
Se foi justo? Foi, o Braga recuou as suas linhas, começou a defender o resultado talvez cedo demais e arriscou muito pouco ofensivamente na 2ª parte. O Sporting, não desistiu, fez valer a sua melhor condição e frescura física, e o reforço anímico de ter empatado já em período de descontos.
Nota final para os pouco mais de 3400 espectadores presentes em Coimbra, um número aquém da expectativa mas antecipadamente previsível. Valeu, no entanto, os dados divulgados do interesse na transmissão televisiva, onde o prolongamento atingiu um pico digno de registo.
Sábado arranca a Liga Allianz e estes dois clubes assumem-se, naturalmente, como os dois maiores candidatos ao título.

sexta-feira, 1 de setembro de 2017

Pontapé de saída

A nova época desportiva do futebol feminino começa no próximo domingo. E começa como terminou a anterior, com o Sporting Clube de Portugal a medir forças com o Sporting Clube de Braga. No caso do primeiro, vai em busca do troféu que lhe falta no Museu e no caso do segundo, ambiciona alcançar o primeiro troféu depois da época passada não ter conseguido nenhum dos dois em disputa. 
Espera-se um jogo equilibrado, entre duas equipas que se reforçaram com jogadoras de provas dadas e que trarão mais qualidade às competições da época que agora se inicia. O Sporting vai querer, obviamente, mostrar os argumentos que apresentou no mini torneio de qualificação da UEFA Women's Champions League (UWCL) e o Braga vai querer mostrar a qualidade do seu plantel com a entrada de jogadoras de referência no panorama nacional e mostrar que é capaz de disputar o jogo de igual para igual. 
O jogo será transmitido na RTP 1 permitindo que todos os portugueses que assim o desejem possam acompanhar mais um jogo de futebol feminino. 
Há que continuar a manter o futebol feminino presente no dia a dia. O EURO 2017 já lá vai e será muito redutor se consideramos que o futebol feminino nacional são as seleções. Afinal, quem fornece a matéria prima? Isso!
A data escolhida, em minha opinião, não foi a mais "adequada" (possivelmente não haveria outra uma vez que em ano de EURO, o mini torneio da UWCL realizou-se mais tarde). Não do ponto de vista desportivo naturalmente, mas sim porque fica "entalada" entre dois jogos decisivos da seleção nacional na corrida ao apuramento direto para o mundial da Rússia 2018, sendo que o jogo contra a Hungria será no próprio dia da final da Supertaça, poucas horas após o final desta. 
Poderá este ser um constrangimento para que os adeptos se desloquem ao Estádio Cidade de Coimbra para assistir ao vivo ao jogo? Poderá, até porque terá o conforto da transmissão na RTP às 15h e depois às 19h45 joga a seleção nacional. Tarde de sofá e futebol na TV.
Será possível bater um novo recorde de assistências no jogo da Supertaça (mais de 12 mil)?
Vai depender da mobilização que os clubes consigam fazer próximo dos seus adeptos e, também, da curiosidade que a população de Coimbra e arredores possa ter relativamente ao jogo.
Vamos ver destaque na imprensa escrita no dia seguinte? 
Desejo que sim, mas tenho as minhas dúvidas. Seguramente não será como já nos "habituámos" e como o futebol feminino nacional merece.
Sobre o jogo... pode mostrar muito (para não dizer tudo) do que será a época 2017-2018 ao nível da discussão da Liga Allianz e da Taça de Portugal. 
Fica para outro texto!