A Selecção AA feminina alcançou ontem, após um triunfo de 1-2 sobre a Austrália, um inédito terceiro lugar na Algarve Cup.
Nesta 25ª edição Portugal teve um desempenho acima de todas as expectativas, tendo ainda apresentado um futebol muitíssimo consistente e maduro.
Quase que apetece dizer que demorámos um quarto de século (dito assim parece uma enormidade) para conseguirmos ter uma selecção adulta - na verdade, foi um pouco mais, visto que a primeira selecção surge nos anos oitenta.
Este feito representa muito mais do que mera estatística. Para história será isso mesmo, números que ficarão gravados. Mas para quem acompanha o futebol feminino português, quem viu os jogos ou deles teve relatos, sentiu que o que aconteceu vai muito além dos resultados.
O que aconteceu aqui foi um grito de independência da jogadora portuguesa, representada por uma selecção. Foi o dizer “estamos aqui, contem connosco” porque o futebol português tem, cada vez mais, de se conjugar no feminino!
Porque sempre que a selecção joga, é como se milhares de jogadoras estivessem ali a pontapear a bola. Já nada poderá parar este movimento.
Os clubes que não têm futebol feminino que se preparem para ter. Porque irão aparecer cada vez mais miúdas para jogar futebol. E tudo passa por uma questão de igualdade. Igualdade essa a que todas as mulheres têm direito e é obrigação dos clubes promovê-la. Porque a desculpa de que as mulheres não têm jeito para jogar futebol já não cola.
Foi isto, basicamente, que a selecção feminina nos ofereceu para este Dia Internacional da Mulher: um novo estatuto para a mulher futebolista portuguesa. Aquela que sabe sofrer, que acredita, que olha nos olhos das adversárias mais fortes e as intimida. E, que por fim, consegue vencê-las! Ou seja, a emancipação dos preconceitos.
Se isto não é um belo presente para este dia, não sei qual será!