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segunda-feira, 25 de março de 2019

SL Benfica – SC Braga: a primeira mão das meias-finais da Taça de Portugal BPI

(Foto: Anabela Brito Mendes/Sports and Girls)

Quem me conhece e acompanha o que vou escrevendo sabe que não abordo questões técnico-táticas de jogos de futebol. Isso fica para os entendidos, que não é de todo o meu caso. Mas, como adepta de futebol, creio que consigo diferenciar um bom jogo, daqueles de encher o olho de um jogo monótono e pouco atrativo.
Ora, o jogo que opôs o SL Benfica ao SC Braga, disputado no Estádio da Tapadinha, não sendo um jogo de encher o olho teve todos os ingredientes que o tornaram de nervos, emoções fortes, de enorme entrega das jogadoras de ambas as equipas e de incerteza no resultado até soar o apito final. Os milhares de adeptos que se deslocaram ao estádio (seguramente mais de 2500) e os que assistiram através da transmissão televisiva não saíram defraudados e assistiram a um espetáculo disputado no limite.
Foi o primeiro jogo para o SL Benfica contra uma equipa da Liga BPI também profissional e era aguardado com grande expetativa para se perceber, de forma definitiva, a real qualidade da equipa lisboeta. E, quem esperava ver a equipa encarnada com prudência para perceber como o jogo ia decorrer, enganou-se. Foi a equipa que entrou mais forte, a cometer menos erros, a ter mais posse de bola e à procura do golo, que surgiu com naturalidade à passagem do minuto 25, por Darlene. Um golo de belo efeito num remate de primeira após mau alívio da defesa bracarense. A mesma jogadora podia ter aumentado a contagem quase de seguida mas a bola saiu rente ao poste. O Braga, até ao golo do Benfica, mostrou-se uma equipa muito diferente do que já vimos esta época. Não conseguia ter bola, as suas jogadoras, aparentemente, acusaram mais a responsabilidade do jogo que as suas adversárias, os passes raramente tinham o destino certo e não conseguia assentar o seu jogo. O golo da igualdade surge de um lance de bola parada, onde a GR do Benfica não fica isenta de culpa, numa saída em falso, aos 37 minutos.
A etapa complementar revelou um Braga mais próximo do que é habitual, a conseguir manter a bola em seu poder (todavia sem nunca criar lances de perigo eminente para a baliza encarnada) e a obrigar as jogadoras do Benfica a um desgaste físico adicional na procura da mesma. O Braga trouxe ao de cima a sua maior experiência mas sem nunca amedrontar a equipa encarnada. O melhor da tarde estava guardado para o minuto 68 com o monumental golo do Braga, na marcação de um canto direto pela Ágata Pimenta. O Benfica não desistiu e voltou à carga à procura do golo do empate, mas deparou-se com uma barreira chamada Rute Costa (com a segurança que lhe é reconhecida manteve a sua baliza trancada) ou com a pontaria desafinada das suas jogadoras. Mesmo sobre o apito final, num livre ainda se gritou golo pelos adeptos benfiquistas mas foi ilusão ótica, já que a bola saiu ao lado, num cabeceamento quase perfeito de Tayla.
A diferença neste jogo, em jeito de resumo, foi o aproveitamento por parte do Braga das bolas paradas e a sua maior experiência e ritmo competitivo. Não se iluda quem pense que isso não ficou demonstrado. O Benfica não tinha tido, até ao jogo de ontem, necessidade de correr atrás resultado, nunca tinha estado na posição de desvantagem e não era obrigado a mexer na sua equipa ou mudar estratégia para recuperar. Ou seja, todas estas variáveis nunca tinham sido abordadas, em contexto de jogo, quer pela equipa técnica quer pelas jogadoras. Foi toda uma realidade nunca vivenciada e isso só se treina e aprende quando acontece.
(Foto: Anabela Brito Mendes/Sports and Girls)
A eliminatória está longe de estar decidida. O Benfica vai a Braga discutir a passagem à final da Taça de Portugal BPI de igual para igual. O resultado de ontem de nada lhe serve para que consiga alcançar um dos seus objetivos na época de lançamento. Dia 20 de abril espera-se outro jogo de emoções e nervos à flor da pele.
Uma coisa é certa, o futebol feminino nacional precisa de muitos mais jogos deste calibre, dimensão e competitividade para continuar a evoluir.
Que ninguém duvide disso!

sexta-feira, 22 de março de 2019

Taça de Portugal - meias finais com confrontos inéditos



Clube de Albergaria/Durit, Sporting Braga, SL Benfica e Valadares Gaia são os dignos representantes do futebol feminino nas meias-finais da Taça de Portugal, que se joga a duas mãos, a primeira das quais já este fim de semana.
 
Analisando somente a última década, o Valadares Gaia vai disputar a sua quinta meia-final, o Clube de Albergaria a quarta, o Braga a terceira e somente para o Benfica será a primeira, já que iniciou actividade esta época.
 
Curiosamente, e apesar da vasta participação de alguns, estes confrontos serão inéditos. O Albergaria já esteve nas meias-finais com o Valadares, mas ambos com outros adversários.
Uma coisa têm em comum estes quatro emblemas: nenhum deles jamais subiu a escadaria do Jamor em último lugar, ou seja, o de vencedor da prova. Imagine-se, portanto, o quão apetitosos serão estes quatro jogos!
 
De imediato iremos ter:
- amanhã dia 23, o Valadares Gaia x Clube de Albergaria/Durit
- domingo dia 24, o SL Benfica x Sporting Braga
ambos às 15 horas e com transmissão em A Bola TV. Mas com esta qualidade, só mesmo quem estiver longe ou não se puder deslocar é que não irá ver ao vivo.
 
Começando pelo Valadares x Albergaria, encontro já largas vezes disputado na prova máxima das competições femininas. Tendo como grande atractivo serem orientadas por treinadoras (Mara Vieira e Paula Pinho), o que garante que na final esteja uma mulher a comandar uma das equipas. A não ser que, em caso de vitória da eliminatória pelo Valadares, a Mara Vieira já esteja em licença de parto, visto estar grávida - outro facto inédito. Quanto ao jogo, será intenso e vibrante, sendo os adeptos do  Valadares sempre muito interventivos e dentro de campo ambas equipas gostam de jogar a disputar sempre a bola. De qualquer modo, a eliminatória estará longe de ficar resolvida, dado o equilíbrio de qualidade apresentado até agora.
 
No outro encontro teremos "o jogo" que despertará todas as atenções. Nada a fazer contra a grandeza do impacto dos chamados grandes. Aproveitar a embalagem e procurar estar o mais perto possível, seguir as boas práticas em termos de trabalho e divulgação, é o que de mais sensato os clubes mais pequenos deverão fazer.
 
Benfica x Braga, duas equipas profissionais, que trabalham diariamente nas melhores condições possíveis em Portugal, será o tal "jogo". Espera-se uma Tapadinha cheia, de adeptos das duas equipas e também de jogadoras de futebol, que têm este fim de semana de folga e não querem perder pitada de um grande jogo em perspectiva.  
 
O que se pode esperar para este jogo?
 
Um Benfica super motivado para atingir um dos objectivos traçados para esta época inicial: chegar à final da Taça de vencê-la. Com jogadoras muito talentosas e experientes, ainda não soube verdadeiramente o que são dificuldades. Ficam no ar duas interrogações: como se irá comportar perante um adversário mais forte, à sua medida, já que até agora as duas únicas vezes em que sentiu um pouco mais de dificuldade foi com o Sporting 'B'; conseguirá o treinador João Marques quebrar o enguiço contra equipas grandes como a sua? Domingo teremos a resposta.
 
O Braga tem tanta sede de ganhar como o Benfica, já que poderá estar muito próximo de ganhar os três troféus em disputa na época, sendo que já venceu o primeiro: a Supertaça. Do que se tem observado recentemente parece estar a acusar algum cansaço, mas isso poderá ser aparente. A equipa de Miguel Santos tem muita personalidade, sendo liderada em campo pela capitã, Vanessa Marques (a fazer uma época brilhante). O seu ataque é fortíssimo, tanto técnica como fisicamente. Esse será, talvez, o maior trunfo do Braga, já que a defesa do Benfica ainda não apanhou nenhum ataque assim.
 
Os ingredientes para um grande jogo estão todos lá. Uma casa, certamente, cheia ou perto disso. Tempo ameno. O que mais se poderá desejar?
- Uma equipa de arbitragem à altura das intérpretes e um público que se manifeste de forma vibrante, apaixonada, mas correcta. Insultos não fazem parte do desporto.