Créditos fotográficos: Olympique Lyonnais |
Portugal, este pequeno país com uma média de 5000 jogadoras federadas, vai ter na época 2019/2020 quatro jogadoras em quatro clubes de topo mundial. Um feito incrível, atendendo ao número de praticantes e ao facto de se trabalhar com o intuito do seu aumento há menos de uma década.
Mais incrível é, quando se passa de duas para quatro em menos de um fechar de olhos. Cláudia Neto e Dolores Silva, no Wolfsburg e Atlético de Madrid, já eram emigrantes de luxo. Seguiu-se a Matilde Fidalgo neste final de época para o Manchester City e a grande novidade muito recentemente, questão de dias, da ida da Jéssica Silva para o Olympique Lyonnnais, mais conhecido entre nós só por Lyon.
Lyon, a equipa a que todas as jogadoras gostariam de pertencer. De dimensão galáctica, recheada de internacionais de todos os lados. O onze da selecção francesa tem habitualmente entre sete a oito jogadoras do Lyon, onde impera também uma das estrelas da selecção alemã, outra da selecção holandesa... enfim, uma equipa que é uma verdadeira constelação de estrelas.
E é aí, nesse quase Olimpo do futebol feminino, que vai entrar uma jogadora portuguesa.
Alta, magra, de velocidade estonteante e um drible tão irreverente quanto imprevisível, capaz de “partir os rins” à experiente Wendie Renard logo na primeira jogada do primeiro treino, eis a Jéssica . Eis o seu cartão de visita. Eis as características pelas quais é tão conhecida e aplaudida.
Mas... será isso suficiente para conquistar um lugar na equipa do Lyon? Claramente, não! Até porque a linha avançada do Lyon é fortíssima.
O grande desafio que se impõe à Jessica, e que naturalmente ela estará bem alertada para ele, ou não tivesse um empresário alemão, conhecido pela sua eficácia tanto quanto pelo seu pragmatismo, será mudar o paradigma do seu futebol.
Mudança essa que não implica abdicar daquilo em que é mais forte, mas que, só por si, não chega. Não chega, sequer, para a titularidade na selecção portuguesa.
Às suas características naturais, a Jéssica terá de acrescentar um maior compromisso com os objectivos da equipa, melhorar a capacidade de decisão sempre que tem a posse de bola, e que nem sempre é dar um nó à adversária, aceitar o estrelato das colegas, viver com a pressão de estar no melhor do mundo, entre muitos outros desafios.
Aos 24 anos tudo pode mudar, para muito melhor, na sua carreira. O salto é gigante, o desafio imenso, mas a recompensa será directamente proporcional.
E o melhor de tudo é que não será só a Jéssica a ganhar. Será a imagem do futebol feminino português e a selecção nacional.
Les jeux sont faits!
Bonne chance, Jéssica!