segunda-feira, 22 de abril de 2019

O futuro do futebol feminino nacional está garantido!

(Foto: Maria João Xavier)


A frase que serve de título a este texto não é da minha autoria mas sim da Ana Borges, sendo que concordo e subescrevo em absoluto.

No passado fim-de-semana, o de Páscoa, regressei às origens e estive presente com muito gosto e orgulho no II Torneio Internacional Almeirim Women’s Cup, no papel de Madrinha, a convite do UFC Almeirim e onde observei um sem número de jogos. Admito que os que me despertaram mais interesse foram os dos escalões de formação (infantis e juvenis) ainda que tenha observado quase a totalidade dos jogos no escalão sénior.

E porque foram os jogos dos escalões mais jovens que despertaram mais interesse? Exatamente porque dá a resposta à pergunta de partida deste texto. É uma delícia observar miúdas de idades tão jovens a começar a praticar o seu desporto de eleição. Qualidade e talento não faltam, os jogos foram emotivos e nestas coisas, ainda que num torneio a “feijões”, ninguém quer perder. É tão agradável perceber que desde cedo começam a ter noção do jogo, ainda que com toda a liberdade para criar, mas que se posicionam no terreno de jogo de acordo com o que os treinadores indicam. É toda uma nova realidade em desenvolvimento.

As “claques” organizadas das equipas, vulgo os pais e familiares das jovens jogadoras, são incansáveis no apoio que dão antes, durante e após os jogos. Os cânticos, as cores dos clubes que defendem bem presentes na indumentária de cada um é uma festa dentro da grande festa das miúdas: jogar futebol. Foi uma alegria constante o que se viveu em Almeirim nos dois dias de torneio.

Mas a grande alegria, para miúdas e graúdos, estava reservada para a tarde de sexta-feira, quando a Ana Borges marcou presença em Almeirim. Foi uma enorme surpresa (inclusive para a organização) e as horas que esteve no complexo desportivo colocaram em delírio as cerca de 320 jogadoras que evoluíram no torneio. Rivalidades clubísticas à parte, a Ana Borges (assim como todas as jogadoras portuguesas mais representativas) personifica a imagem que todos os sonhos podem ser realizados e as solicitações para um autografo e/ou uma fotografia vieram de todos os clubes nacionais presentes. E este é um papel que as mesmas jogadoras mais representativas podem facilmente desempenhar sempre que livres dos seus compromissos profissionais.

Afinal, todas as jogadoras portuguesas, especialmente as profissionais que representam os clubes grandes (SL Benfica, SC Braga e Sporting CP) são as referências e os modelos a seguir. O papel que estas desempenham no imaginário das jogadoras mais jovens até pode ser por elas desconhecido mas, felizmente, as jogadoras que agora começam a dar os primeiros pontapés na bola têm como referência jogadoras portuguesas. E as mais jovens, tendencialmente, vão “copiar” os seus ídolos. E são estas, ainda, que os pais das jogadoras mais jovens vão observar e avaliar (não se iluda quem pense que os pais não fazem isto, é uma reação natural) como um bom (ou não) exemplo para a sua filha.

Naturalmente que o aumento de visibilidade do futebol feminino nacional, especialmente através da transmissão dos jogos das seleções nacionais e de alguns jogos entre clubes (caso das meias finais da Taça de Portugal) potencia e transporta as jogadoras para um plano de destaque, até há relativamente pouco tempo, inimaginável.

A minha questão, com que finalizo este texto, é quantas das nossas jogadoras nacionais estão disponíveis para seguir o exemplo da Ana Borges e aparecerem quando menos se espera e sem que lhes seja pedido?

Não sei, mas quero acreditar que muitas…

Afinal, são as jogadoras a face (mais) visível do futebol feminino português.