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quinta-feira, 7 de fevereiro de 2019

Estão de regresso os torneios de futebol feminino


Em pouco menos de mês, o futebol feminino volta a mostrar toda a sua projeção e crescimento a nível mundial. Entre 28/02 e 07/03 irão disputar-se, literalmente pelos quatro cantos do mundo, quatro torneios de seleções femininas.

A exemplo do que tem ocorrido em anos anteriores, as seleções aproveitam estes torneios para afinarem estratégias para as competições a doer (este ano será para a fase final do Campeonato do Mundo, em França).

Durante largos anos, a Algarve Cup (anteriormente designado de Mundialito de Futebol Feminino), foi o único torneio de dimensão mundial a ser disputado neste período, tendo a 1ª edição ocorrido em 1994 e celebrado as bodas de prata na edição de 2018.

Pelo Algarve, em 25 anos de torneio, pode-se dizer que passou a nata do futebol feminino mundial. Foram várias as edições em que pudemos observar pelos relvados algarvios as seleções campeã do Mundo, da Europa e dos Jogos Olímpicos espalhar momentos mágicos.

Retenho, sendo uma escolha meramente pessoal, a final disputada em 2012, que opôs o campeão Mundial em título (Japão) e o campeão Europeu (Alemanha) e cuja vitória sorriu à equipa europeia, num jogo frenético cujo resultado final foi 4-3.

Em 2008, ou seja, 14 anos após o pontapé de saída da atual Algarve Cup, surge a Cyprus Women's Cup, com o mesmo formato da "nossa" competição. Por lá também passaram selecções de enorme calibre que nos últimos anos, optaram por escolher o torneio português (Canadá e Holanda, os mais sonantes).

No ano de 2016, para celebrar a conquista do Mundial 2015 e divulgar a campanha She Believes, surge a “She Believes Cup”, que arrastou consigo do Algarve a seleção da casa (EUA), a Alemanha e a França.

O último torneio a surgir é a "Cup of Nations", a ser disputado na Austrália e que arranca este ano.

Com quatro torneios a decorrer em simultâneo vai ser possível observar em ação 18 das 24 seleções (75% do total) que se apuraram para o próximo mundial em França. Nos torneios quadrangulares, as 8 equipas participantes irão estar no Mundial. A Algarve Cup vai ter sete finalistas do Mundial, incluindo a atual campeã da Europa (Holanda) bem como a semifinalista do EURO2017 (Dinamarca, que no entanto não alcançou o apuramento para o Mundial). Em Chipre, estarão 3 finalistas. Apenas as seleções da Alemanha, França, Nigéria, Camarões, Jamaica e Chile não estão envolvidas em nenhum destes torneios.

Mas regressemos à Algarve Cup e a sua edição de 2019, Como assinalamos acima, são 7 as finalistas do Mundial 2019 a evoluir no próximo mês de fevereiro e março a sul do país, sendo que 3 seleções encontram-se no top 10 do ranking mundial.

Pessoalmente é com grande expetativa que aguardo os jogos da nossa seleção, depois do brilhante 3º lugar alcançado em 2018. Portugal irá competir no Grupo D e vai ter como opositores as selções da Suécia e da Suíca. Acredito que a seleção irá continuar mostrar a evolução consistente a que temos assistido nos últimos anos. Uma coisa é certa, quando começar a Algarve Cup já será conhecido o sorteio da fase de qualificação para o EURO2021, a disputar em Inglaterra. Para as seleções (europeias) que não vão ao Mundial, este será um período excelência para irem recolhendo informação dos possíveis adversários. Excluindo a China e o Canadá, todas as restantes equipas irão estar num dos 5 potes para o sorteio.

Será, certamente, um período de romaria ao Algarve de elementos das equipas técnicas das várias seleções para observarem in loco os seus adversários e preparem da melhor forma a grande competição de 2019 e, logo de seguida, a qualificação para 2021.

Para quem tiver disponibilidade esta será uma boa altura para tirar uns dias e aproveitar tudo que a região do Algarve nos oferece, com o bónus de poder assistir a excelentes jogos de futebol feminino não só da nossa seleção mas também das restantes participantes.

Lá nos encontraremos!

(publicado originalmente no sítio do Sindicato Jogadores).

quarta-feira, 14 de novembro de 2018

A propósito das 500 vitórias da seleção nacional feminina dos Estados Unidos da América

(Créditos: FPF)
Não tendo sido o continente americano descoberto por portugueses (nem sobre a alçada portuguesa) na memorável época dos Descobrimentos, atrevo-me a dizer que Cristóvão Colombro passou anos suficientes em Portugal a estudar e desenvolver um plano, na altura para alcançar as Índias, por rota alternativa quando “esbarrou” em terra e descobriu o Novo Mundo. Podia ter sido mais uma glória dos navegadores que saíram de Portugal mas o Rei D. João II tinha outros interesses (descobrir um outro caminho que contornasse África, como foi depois alcançado por Vasco da Gama), pelo que não deu ouvidos a Cristóvão Colombo e este virou-se para nuestros hermanos.
Com esta muito resumida introdução histórica atrevo-me a dizer que sem Portugal os Estados Unidos da América (EUA) não existiriam e nem a seleção americana teria alcançado a marca histórica de 500 vitórias em 639 jogos. É um feito fantástico que merece uma celebração ao estilo tipicamente americano como se da descoberta de um novo continente se tratasse.
Mas o que me leva a escrever umas linhas parte de um conjunto de questões do género “E se…”. Note-se que a seleção nacional feminina dos EUA fez o seu primeiro jogo em 1985. Bom, a seleção feminina portuguesa fez o seu primeiro jogo em 1981, quatro anos antes. Daí que:
-  E se, em 1983, a Federação Portuguesa de Futebol não tivesse dado indicação e terminado com as atividades da seleção feminina sem motivo que o justificasse?;
-  E se, a exemplo do que ocorre nos EUA, as jogadoras portuguesas tivessem tido sempre as mesmas condições de crescimento e desenvolvimento das suas qualidades e aptidões?
E se, conseguíssemos alcançar o mesmo número de jogadoras (proporcionalmente ao nossa país, obviamente) que os EUA e, desta forma, “obrigássemos” os clubes a disponibilizar todos os escalões de formação e, ainda,  proporcionar mais e melhores condições às jogadoras da equipa principal?;
-  E se,… podia continuar por aqui fora que não concluiria coisa alguma, a não ser que a seleção portuguesa foi amputada em 10 anos de crescimento.
Mas há factos e certezas que nos permitem assumir, com uma margem de risco controlado que o futuro do futebol feminino nacional só poderá ser risonho, com todos os avanços e recuos inerentes aos processos de crescimento.
Senão vejamos o seguinte. Em 2018 (ano civil e não época desportiva), a seleção nacional AA feminina disputou até ao dia 08/11/2018, 15 jogos internacionais de carácter oficial (5) e o dobro em encontros particulares (10) contra 11 seleções nacionais.
Destes 15 jogos, apenas duas selecções estão abaixo de Portugal no ranking mundial (33º), a Roménia (43º) e a Moldávia (93º). Das selecções que estão acima, apenas três conseguiram derrotar a nossa seleção em 2018: EUA, Itália e Rep. Irlanda. E destas, apenas contra os EUA a seleção nacional nunca conseguiu vencer nenhum dos 7 encontros disputados sendo o resultado mais nivelado o registado no dia 8/11/2018, no Estoril.
Posso dizer que fui uma jogadora afortunada pois defrontei as várias selecções nacionais americanas entre 1994 e 2001 (6 jogos, 6 derrotas, 30 golos sofridos e 0 marcados) mas com um enorme sentimento de impotência face ao poderio norte-americano. O jogo só tinha um sentido, o esforço em tentar prolongar no tempo o aparecimento do 1º golo era o objetivo major e a derrota era certa.Não obstante, em contrapartida ganhava-se muito nestes jogos contra os EUA (e outras selecções de igual calibre): experiência, ritmo de jogo, capacidade competitiva, crescimento colectivo e individual.
Ora, este tem sido exactamente um dos grandes trunfos desta seleção, não só o aumento do número de jogos internacionais, mas especialmente o confronto com selecções teoricamente mais fortes e que desafiam as nossas jogadoras a potenciar as suas capacidades físicas e técnico-taticas.
Convém não esquecer que em 2018, Portugal defrontou, além da campeã mundial em titulo, selecções como a Austrália (6ª do ranking mundial), em dois jogos e não perdeu nenhum. O mesmo com a Noruega (13ª), alcançado uma vitória merecida e, ainda, a China (19º), tendo vencido um e empatado outro. Não pode ser fruto do acaso. A consistência de resultados começa a aparecer gradualmente.
As jogadoras nacionais têm sido colocadas à prova em vários momentos com exigências diferentes e têm sabido dizer “presente” mesmo sabendo que temos uma Liga BPI que fica (ainda) aquém do que se pretende em termos de nível competitivo e que nela competem mais de 70% das atletas que integraram a última convocatória.
Não admira pois, nem aos mais distraídos, que o futebol feminino nacional comece a ter o destaque que merece e necessita para crescer. As jogadoras assim o vão “exigir” através do seu esforço e dedicação em representação das cores nacionais e, também, os adeptos de futebol o que querem é assistir a bons espectáculos sem preocupação de qual o género que o disputa.
Tal como Cristóvão Colombo, as selecções femininas vão desbravar o seu caminho rumo ao sucesso e crescimento sustentado e de lá não mais irão sair.
Eu acredito, e espero que todos os portugueses também!
(MJX)

(publicado originalmente no sítio do Sindicato dos Jogadores)

sexta-feira, 6 de abril de 2018

Está na hora, Portugal!


Foto: FPF
 
Depois do eufórico 3º lugar na Algarve Cup, a selecção A feminina tem hoje frente à Bélgica, num jogo de apuramento para o Mundial 2019, o seu verdadeiro teste.
Ao verem quatro exibições cheias de qualidade e muita personalidade, todos os seguidores do futebol feminino português ficaram com o desejo de "quero mais".
A expectativa de perceber se o que aconteceu na Algarve Cup tem continuidade é bastante grande.
E, diga-se, que essa expectativa é bastante pertinente, não só pelo crescimento sustentado que a selecção tem conhecido, mas porque a cada passo mais bem dado, a exigência de melhor é obrigatória.
Naturalmente, os projectos não se dissipam só porque os objectivos não se concretizam. E nada do que está pensado e projectado para o futebol feminino português ruirá, se o resultado de hoje não for o que mais nos agrade.
Agora, que o crescimento com vitórias é mais saboroso e a curto/médio prazo mais rentável, isso é uma realidade.
A imagem que a selecção deixou nos jogos da Algarve Cup, de um grupo trabalhador, pragmático, versátil, deixa antever que hoje isso tudo estará em campo, de novo.
Só nos resta esperar que a tarde passe rápido e às 18,30 ligarmos qualquer dispositivo que tenha a RTP 1 e...
... vibrarmos com PORTUGAL!
 

terça-feira, 27 de março de 2018

Quo vadis seleção nacional feminina?

Foto: FPF
Já ando há uns dias a pensar um texto direccionado para a evolução evidente da nossa seleção nacional feminina quando, nem de propósito, é divulgada a atualização do ranking FIFA, com a subida de dois lugares (de 38º para 36º).


Esta coisa de rankings nem sempre refletem o que se passa no terreno de jogo (quem não se lembra do Portugal - Itália, em que esta última não saiu cilindrada do Estoril por manifesta falta de eficácia das nossas jogadoras) e nem tão pouco o crescimento sustentado das diferentes seleções.


Como aqui chegámos? Para tal precisamos de recuar um pouco no tempo para encontrar uma resposta que tenha alguma credibilidade e possa, efetivamente, contribuir para a explicação do que estamos atualmente a assistir com a nossa seleção feminina mais representativa.


Jornal "A Bola" 09/03/2015
Se bem se recordam, em 2015, foi apresentado no Algarve o Programa Estratégico para o Desenvolvimento do Futebol Feminino (PEDFF), onde constavam as linhas mestras do que era preciso desenvolver, no imediato, para que fosse possível dar o passo seguinte desta modalidade que nos apaixona. A ideia era avançar com a entrada direta de clubes que competiam à data na Liga masculina através de convite a remeter pela FPF. A questão não foi de fácil aceitação por parte dos clubes que estavam no Campeonato Nacional da 1ª divisão, competição que viria a ser sucedida pela Liga Allianz. Adicionalmente a esta medida (a mais polémica, sem dúvida) outras estavam plasmadas no referido documento e já são uma realidade (por exemplo, Campeonato Nacional de Juniores e a criação da Supertaça Feminina).

O aumento do número de jogadoras também era um dos pontos chave do PEDFF e, ao fim de 3 anos, também essa realidade já é bem visível e traduzida em números (na última época observa-se um crescimento em 35,2% no número de praticantes, como se pode observar na imagem abaixo e informação solicitada à FPF).
PrintScreen do sítio da FPF (http://indicadores.fpf.pt/)

Em 2016/2017 arranca a 1ª edição da Liga Allianz com a entrada direta do Sporting CP, SC Braga, o GD Estoril Praia e o CF "Os Belenenses" (clubes que aceitaram o repto da FPF), juntamente com os clubes que transitaram do Campeonato Nacional da 1ª divisão e os que subiram da divisão inferior.

Com a entrada, especialmente, do Sporting CP e o SC Braga, assiste-se a um fenómeno que consistiu no regresso de um conjunto de jogadoras que evoluíam em campeonatos bem mais competitivos que a nossa Liga Allianz. Ainda serão precisos mais uns anos para que esta seja competitiva o suficiente para termos mais que duas equipas a lutar pelo troféu e o desnível entre equipas não seja tão acentuado, como se verifica atualmente.

Mas, retomando rapidamente a tentativa de explicar como chegámos ao patamar em que nos encontramos atualmente, além das medidas institucionais por parte da FPF, é preciso salientar alguns aspetos:

  • desde 2015, que a seleção nacional tem uma base mais ou menos fixa de 15/16 jogadoras que estão sempre presente em todas as convocatórias (salvo motivo de lesão) e que têm crescido internacionalmente em conjunto (Patrícia Morais, Carole Costa, Matilde Fidalgo, Mónica Mendes, Sílvia Rebelo, Carolina Mendes, Cláudia Neto, Dolores Silva, Fátima Pinto, Vanessa Marques, Ana Borges, Diana Silva, Tatiana Pinto, Jéssica Silva, Laura Luís e Raquel Infante) e, ao mesmo tempo, vai integrando outras de forma a que o leque de escolha seja cada vez mais alargado. Além disso, algumas destas jogadoras já tinham participado no Europeu sub 19;
  • de todas as acima referidas, poucas são as que não jogaram nos campeonatos mais competitivos e, como tal, desenvolveram capacidades e competências adicionais para lidar com competições mais exigentes;
  • à medida que estas jogadoras foram crescendo e ganhando experiência internacional, a seleção nacional começou a ter mais argumentos para crescer;
  • o regresso de muitas jogadoras a Portugal para o Sporting CP e SC Braga fez com que a Liga Allianz tivesse um incremento na qualidade das praticantes. Obrigou, especialmente este dois clubes, a olhar para o futebol feminino de forma séria e profissional, dotando-as com as melhores condições existentes para que o seu desenvolvimento e crescimento não fosse interrompido. Poder jogar futebol (ou qualquer outra modalidade) profissionalmente é uma mais-valia enorme. Tomando, por exemplo, as convocatórias para a Algarve Cup dos anos 2015, 2016, 2017 e 2018 constatamos a diminuição do número de atletas que jogam no estrangeiro (11, 13, 10 e 6, respetivamente). As convocatórias nos dias que correm são dominadas por estes 2 clubes, que revela o trabalho de elevada qualidade que é desenvolvido por ambos. Manter as jogadoras motivadas e focadas numa competição com pouca competitividade não será tarefa fácil. Mas, a realidade é que na prestação individual de cada jogadora ao serviço da seleção nacional não se nota diferença (física e técnico-tática) entre as jogadoras convocadas oriundas de campeonatos mais competitivos;
  • entre 2015 e 2018 (até ao dia de publicação deste texto, além dos jogos oficiais e da Algarve Cup), Portugal realizou mais 16 jogos particulares tendo em vista as qualificações que decorriam nesses anos (2015: 6; 2016: 2; 2017: 6 e 2018: 2). Toda esta preparação e competição internacional contribuiu grandemente para o crescimento da seleção nacional, criando cada vez mais rotinas e melhorando estratégias competitivas, tornanando a equipa cada vez mais competente e com recursos variados. O compromisso da direção da FPF na promoção do futebol feminino começa a ter o retorno visível para bem de todos os atores envolvidos;
  • a participação na fase final do EURO2017 foi o culminar do crescimento que se vinha, ainda que timidamente, a assistir mas que já tinha deixado boa impressão na fulgurante fase final da qualificação e, posteriormente, nos jogos de playoff contra a Roménia, antevendo-se que o melhor estaria guardado para o futuro próximo;
  • quem estiver atento terá reparado também que a seleção nacional, desde 2015, foi sofrendo várias mudanças nos 11 titulares e na adaptação de jogadoras a lugares que não são os seus de origem. Fica sempre a questão de como seria se não fossem efetuadas estas adaptações. Mas, a realidade não deixa mentir, goste-se ou não (incluindo as próprias jogadoras), a prestação da seleção nacional começou a crescer quando estas mudanças foram sendo testadas e efetuadas gradualmente... pessoalmente, considero que estas alterações começaram a ver-se no jogo de qualificação Portugal 1 - 4 Espanha, disputado na Covilhã a 8 de abril de 2016. Se tiverem tempo e alguma paciência façam como eu e vão notar o que quero dizer.
Daí que, regressando ao titulo deste texto "Quo Vadis seleção nacional feminina", o caminho só pode ser em crescendo. A estratégia está montada e em afinação permanente. Cada vez mais cedo as mulheres e raparigas podem começar a praticar a modalidade de eleição que escolheram. Os quadros competitivos iniciam-se cada vez mais cedo. A possibilidade de jogarem entre e com rapazes só lhes traz vantagens, obrigando-as a desenvolver capacidades e competências para competirem de igual para igual como eles nas idades mais jovens.

As seleções nacionais jovens começam a proporcionar contacto internacional cada vez mais cedo, permitindo o crescimento competitivo das jogadoras mais precocemente (Portugal encontra-se na Holanda a disputar o Torneio de Elite Sub 17 e irá em abril discutir o mesmo torneio em Sub 19). A aquisição de competências técnico-táticas a nível do que melhor se pratica em Portugal começa em idades mais jovens (14-15 anos). Toda esta experiência acumulada é uma mais valia para quando alcançarem a seleção sénior. As diferenças entre as grandes seleções começam a esbater-se em ritmo acelerado.


A seu tempo, todas estas jogadoras vão querer o seu espaço ao mais alto nível... é aqui que os clubes nacionais vão ter que apostar! Na possibilidade de manter todas as jogadoras de topo a competir em Portugal. Para a edição 2019/2020 espera-se que já estejam 4 clubes da Liga Nos a competir de igual para igual na Liga Allianz. Desejo sinceramente que as restantes equipas consigam melhorar as suas condições e possam também manter as suas jogadoras.


A competição europeia de clubes vai ter que ter um representante que consiga passar a fase do mini torneio. Torna-se imperativo que também a este nível se consiga jogar contra as melhores das melhores. Acredito que qualquer dos responsáveis das equipas com mais possibilidade de lá chegarem têm esta ideia em pensamento. Não só no campo desportivo mas também pelo encaixe financeiro que daí advém.

O futuro avizinha-se risonho e capaz de nos proporcionar também muitas alegrias, a exemplo do que temos vivido e que nos estamos a habituar: a conquistar troféus mundiais e europeus. Podemos ter tido um período mais longo do que esperado mas antes tarde que nunca.

É um enorme orgulho ver o crescimento e consolidação da minha modalidade de eleição. O mérito é da direção da FPF, das equipas técnicas (e restante comitiva, nada se consegue sem o apoio incondicional de todos), mas permitam-me, é especialmente, das jogadoras que atualmente integram a seleção nacional, de todas aquelas que um dia esperam lá chegar e das que estão agora a começar a dar os primeiros pontapés na bola. O futuro pertence-lhes!

Foto: FPF

Eu acredito que vamos espalhar magia por todas as competições e estádios fora! Não sei se iremos estar no Mundial 2019, em França. Qualidade para lá estar não nos falta. Teremos que correr atrás do prejuízo de duas derrotas caseiras. Mas enquanto for possível matematicamente a esperança mantém-se inalterável.

Portugal sempre!

quinta-feira, 8 de março de 2018

Um presente para o Dia da Mulher

A Selecção AA feminina alcançou ontem, após um triunfo de 1-2 sobre a Austrália, um inédito terceiro lugar na Algarve Cup. 
Nesta 25ª edição Portugal teve um desempenho acima de todas as expectativas, tendo ainda apresentado um futebol muitíssimo consistente e maduro. 
Quase que apetece dizer que demorámos um quarto de século (dito assim parece uma enormidade) para conseguirmos ter uma selecção adulta - na verdade, foi um pouco mais, visto que a primeira selecção surge nos anos oitenta. 
Este feito representa muito mais do que mera estatística. Para história será isso mesmo, números que ficarão gravados. Mas para quem acompanha o futebol feminino português, quem viu os jogos ou deles teve relatos, sentiu que o que aconteceu vai muito além dos resultados. 
O que aconteceu aqui foi um grito de independência da jogadora portuguesa, representada por uma selecção. Foi o dizer “estamos aqui, contem connosco” porque o futebol português tem, cada vez mais, de se conjugar no feminino! 
Porque sempre que a selecção joga, é como se milhares de jogadoras estivessem ali a pontapear a bola. Já nada poderá parar este movimento. 
Os clubes que não têm futebol feminino que se preparem para ter. Porque irão aparecer cada vez mais miúdas para jogar futebol. E tudo passa por uma questão de igualdade. Igualdade essa a que todas as mulheres têm direito e é obrigação dos clubes promovê-la. Porque a desculpa de que as mulheres não têm jeito para jogar futebol já não cola. 
Foi isto, basicamente, que a selecção feminina nos ofereceu para este Dia Internacional da Mulher: um novo estatuto para a mulher futebolista portuguesa. Aquela que sabe sofrer, que acredita, que olha nos olhos das adversárias mais fortes e as intimida. E, que por fim, consegue vencê-las! Ou seja, a emancipação dos preconceitos.
Se isto não é um belo presente para este dia, não sei qual será!