©Anabela Brito Mendes |
sábado, 23 de setembro de 2017
sexta-feira, 22 de setembro de 2017
O (meu) reconhecimento
A minha forma de estar e os princípios que me foram incutidos pelos meus progenitores dizem-me que o reconhecimento de um conjunto de individualidades que dedicaram parte da sua vida (algumas continuam sem esmorecer) ao futebol feminino nacional é da mais elementar justiça. Algumas chegam mesmo a confundir-se com a evolução e crescimento do futebol feminino, década após década. Atravessaram e viveram a sua implementação enquanto atletas e mais tarde enveredaram pelo dirigismo ou pela orientação de equipas.
Conheço umas quantas que se enquadram no descrito acima e, algumas delas, marcaram-me profundamente nos meus tempos de atleta e que muito contribuíram para a minha formação desportiva e, também, pessoal.
Para inicio de conversa, começo este "reconhecimento" por uma das que mais me marcou e com quem aprendi coisas importantes que repliquei nas minhas curtas passagens pelo dirigismo ativo, mas mais importante que isso, que contribuíram para o meu crescimento pessoal.
Conheci a Anabela Mendes no longínquo ano de 1992, quando ingressou no Sporting Clube de Portugal. Não a devo ter defrontado muitas vezes mas fizemos bem mais que duas dezenas de jogos como colegas de equipa. Não fomos as melhores amigas nesse período (aliás, bem longe disso, falávamos o estritamente necessário e só o que dizia respeito à equipa) e demorámos alguns anos a construir a nossa relação de amizade.
Não me irei debruçar pelo seu percurso enquanto atleta, que é vasto e com passagem por vários clubes pioneiros no futebol feminino nacional. O que me leva a escrever estas linhas foi o trabalho por ela desenvolvido, em dois momentos diferentes, no Clube Futebol Benfica. Dois períodos diferentes mas que deixaram marcas que ninguém pode apagar. O Clube Futebol Benfica alcançou as suas maiores conquistas sob a sua batuta. Muito lhe é devido por manter a equipa coesa, organizada e focada nos objetivos. Isto de gerir um grupo de mulheres e raparigas não é uma tarefa fácil. Iluda-se quem pensa que é o mesmo que lidar com homens e rapazes.
A Anabela geriu uma equipa amadora de forma profissional e quem não percebeu que este era o caminho incompatibilizou-se devido às enormes exigências e responsabilidades que sempre coloca no que faz. Algumas atletas perderam a oportunidade de crescerem e poderem aspirar a outros desafios. Não esperassem grandes sorrisos e manifestações de euforia quando no desempenho das suas responsabilidades desportivas. Esperassem sim, exigência, rigor e competência. O conhecimento da realidade do futebol feminino nacional foi uma enorme vantagem para gerir o seu grupo de trabalho, de articular a equipa com os objetivos do próprio clube e de comunicar com quem tinha o poder de decisão, em ultima instância, foram sempre a sua imagem de marca. Não deixava, fosse qual fosse a circunstância, de manifestar a sua opinião face a determinada situação e sugerindo alternativas para a resolução. Por vezes, não era a opinião que quereriam ouvir mas era a mais sensata e conhecedora. As emoções não se sobrepunham à razão quando se tratava de proteger e defender o seu grupo de trabalho. Causou-lhe alguns amargos de boca mas no final, o desenrolar da situação dava-lhe a razão.
Decidiu, ainda no decorrer da época passada, colocar um ponto final na sua colaboração com o Clube Futebol Benfica depois de muitos anos dedicados à causa. O futebol feminino nacional perdeu, pelo menos enquanto dirigente, uma pessoa perspicaz, assertiva e conhecedora do que pode o futebol feminino nacional evoluir nos próximos anos. Os (as) dirigentes mais novos(as) teriam muito a aprender com a sua larga experiência.
Não nos voltámos a cruzar desportivamente mas fora deste âmbito cruzamos-nos em muitas situações, algumas delas perfeitamente dispensáveis dada a gravidade das mesmas. Nem nestas circunstâncias deixamos de conversar e pensar sobre o futebol feminino nacional. Fazia-nos bem, permitia-nos aliviar a mente para as situações menos boas. Atrevo-me a dizer que foram essas situações mais desagradáveis e acabaram por fortalecer a nossa relação de amizade.
Por tudo isto e muito mais, deixa-me dizer-te Anabela, que é um enorme prazer poder escrever neste espaço de partilha e troca de ideias mas é muito mais reconfortante saber-te por perto, a exemplo de outras situações, nos momentos de maior "aflição".
Obrigada pela tua persistência, determinação e dedicação ao futebol feminino nacional!
quarta-feira, 20 de setembro de 2017
Comunicação e divulgação - um dos grandes desafios para o futebol feminino
Vivemos a era da comunicação fácil - a maioria das pessoas tem um smartphone que lhe permite visualizar e interagir nas redes sociais.
Essa facilidade leva a que, muitas vezes, se escreva de forma precipitada, senão mesmo irreflectida, sobre qualquer assunto que apareça no visor, ou sobre sentimentos e vivências menos positivas. Ou se faça partilha de fotografias e notícias, sem que primeiro tenha havido o cuidado de averiguar quem são os autores das primeiras, e no caso das segundas a sua veracidade.
Já todas as equipas femininas têm a sua página no Facebook, algumas também no Instagram e até no Twitter. E o mesmo se passa com muitas jogadoras.
Esta é uma realidade que ajuda imenso à divulgação da modalidade, visto que ao nível dos media o caminho ainda é, como cantavam os Beatles, a long and winding road. É, portanto, uma reacção muito positiva da parte dos clubes, esta de arregaçarem as mangas e fazer eles próprios a gestão da sua imagem. E as jogadoras, ainda que não achem importante, deveriam ter uma página onde vão divulgando os conteúdos da sua equipa, partilhando o que vai sendo publicado na página, mas também fotografias, vídeos e até pequenos artigos sobre o que vão sentindo e vivendo ao longo da época.
No entanto, em ambos os casos, clubes e jogadoras, devem ter atenção sempre que partilham imagens que são feitas por terceiros:
- não amputar a imagem - um fotógrafo é um autor e, quando publica uma imagem com determinado tamanho e conceito, é porque é isso que ele viu e quis imortalizar; cortá-la é estar a desrespeitar a obra e o autor
Esta é uma realidade que ajuda imenso à divulgação da modalidade, visto que ao nível dos media o caminho ainda é, como cantavam os Beatles, a long and winding road. É, portanto, uma reacção muito positiva da parte dos clubes, esta de arregaçarem as mangas e fazer eles próprios a gestão da sua imagem. E as jogadoras, ainda que não achem importante, deveriam ter uma página onde vão divulgando os conteúdos da sua equipa, partilhando o que vai sendo publicado na página, mas também fotografias, vídeos e até pequenos artigos sobre o que vão sentindo e vivendo ao longo da época.
No entanto, em ambos os casos, clubes e jogadoras, devem ter atenção sempre que partilham imagens que são feitas por terceiros:
- não amputar a imagem - um fotógrafo é um autor e, quando publica uma imagem com determinado tamanho e conceito, é porque é isso que ele viu e quis imortalizar; cortá-la é estar a desrespeitar a obra e o autor
- atribuir os devidos créditos - grande parte das fotografias tem uma marca de água, mas há muitos fotógrafos que optam por legendar a fotografia com o respectivo nome, logo isso tem de ser feito quando se partilha
- certificar-se de que o fotógrafo não tem nenhum texto a referir a proibição da partilha de imagens
Estes temas poderão ser maçadores, mas para além das questões legais, há todo um trabalho feito na sua maioria por fotógrafos amadores, que merecem o maior respeito na ajuda que dão à divulgação da modalidade. E que, convenhamos, fizeram e fazem as melhores fotografias que alguma vez a maior parte das equipas teve. Porque fazer boa fotografia de desporto não é uma coisa fácil, é preciso investimento e muito tempo de pós-produção, coisa que não está ao alcance de todos.
Num passado recente, o Jean La Fontaine (que entretanto deixou de fotografar o futebol feminino) e a Maria Garcia são dois exemplos de gente que faz coisas interessantes para ajudar o futebol feminino de forma gratuita.
Por isso, o melhor pagamento para gente como eles é respeitar o seu trabalho.
Num passado recente, o Jean La Fontaine (que entretanto deixou de fotografar o futebol feminino) e a Maria Garcia são dois exemplos de gente que faz coisas interessantes para ajudar o futebol feminino de forma gratuita.
Por isso, o melhor pagamento para gente como eles é respeitar o seu trabalho.
terça-feira, 19 de setembro de 2017
quarta-feira, 13 de setembro de 2017
A pseudo polémica com as entradas pagas no jogo Albergaria - Sporting Clube Portugal
Factos:
- O comunicado oficial n° 1 para a época 2017/2018 estipula o valor máximo permitido nos jogos da Liga Allianz;
- O regulamento da competição em questão determina um conjunto de requisitos para a emissão de bilhetes;
- O mesmo regulamento, no artigo 81, diz que os "clubes visitantes têm direito, em cada jogo, a requerer lugares que totalizem 10% da capacidade do estádio (...)". Em outros regulamentos de provas organizadas pela FPF, o "requerer" é substituído por "comprar" pelo que se assume que a cedência de bilhetes é a custo zero;
- O Sporting Clube de Braga tem entradas pagas nos seus jogos como visitado;
- O Albergaria decidiu cobrar entrada para o jogo contra o Sporting Clube Portugal;
- O Albergaria, aparentemente, nem oficiosa nem oficialmente, informou o Sporting desta sua intenção. Deveria tê-lo feito por uma questão de respeito institucional. Os vários suportes de informação relativamente ao jogo não abordam a questão de ter entradas pagas;
- Não tendo conhecimento da pretensão do Albergaria, o Sporting não pode, em tempo útil, requerer os bilhetes a que tem direito dentro do prazo estipulado no regulamento (antecedência mínima de 8 dias).
Consequências:
- O Sporting revela a sua indignação nas redes sociais chegando a pedir desculpas por uma situação prevista no regulamento e devidamente enquadrada. Pessoalmente, considero que foi uma atitude extemporânea e despropositada;
- O Albergaria não teria que passar pela acusação de que se aproveitou "da boa vontade". Quanto muito aproveitou-se do nome grande de um clube de futebol nacional para fazer receita adicional. Fará, com toda a certeza, o mesmo contra o Sporting Clube de Braga;
- Os responsáveis do Sporting, ao chegarem ao estádio e depararem-se com a existência de bilhetes pagos, deviam ter requerido ao Albergaria a sua quota parte de bilhetes para distribuir pelos adeptos e, desta forma, salvaguardar os seus interesses. Se o tivesse feito teria marcado a sua posição logo de imediato;
- Caso o Sporting tenha detectado irregularidades nos bilhetes impressos, não cumprindo os requisitos exigidos pela FPF, deve apresentar protesto sobre o caso em sede própria. Caberá à FPF julgar a situação e ao Albergaria assumir as punições, caso existam;
- Os adeptos do Sporting são dos mais fiéis que algum clube pode ter. Mereciam saber ao que iam sendo que não acredito que deixariam de ir apoiar a equipa se antecipadamente conhecessem as intenções do Albergaria.
Conclusão:
- O Sporting deveria sentir-se orgulhoso e lisonjeado por ter entradas pagas nos seus jogos e, ainda assim, conseguir que o estádio estivesse composto (foi isso que vi em Albergaria). Afinal é o detentor dos três troféus nacionais, há que fazer jus à enorme qualidade da sua equipa;
- O Sporting teve uma oportunidade fantástica para assumir uma posição pedagógica no que diz respeito a este assunto. Não soube lidar com ela;
- O Sporting não precisa de cobrar bilhetes? É pena. Devia dar o exemplo do que é uma equipa profissional. Mesmo que o valor do bilhete fosse simbólico, é criar cultura de que o desporto feminino, a exemplo do masculino, deve ser pago como qualquer outro espetáculo.
Não é este o caminho? Vejam-se os bons exemplos dos grandes clubes europeus que possuem equipas (também grandes) de futebol feminino!
quinta-feira, 7 de setembro de 2017
Os palcos do futebol feminino
Texto inicialmente publicado no Futebol Feminino em Portugal
Na
sua terceira edição, a Supertaça Feminina Allianz, apresentou-se em estádio
grande, para fazer jus à dimensão dos clubes envolvidos – Sporting Clube de
Portugal e Sporting Clube de Braga.
Pensar-se-ia,
com isto, que a assistência seria ao nível da Taça de Portugal, mas já em
edições anteriores se percebera que a adesão não é, nem de longe nem de perto,
a mesma. Acredito que o efeito Jamor, e o seu historial nas finais da Taça,
tenha um efeito extra na massa adepta.
O
Estádio Cidade de Coimbra é simpático, apesar daquela pista de atletismo que
nos distancia do fulcral: o terreno de jogo.
A
organização teve um rol de problemas, que não foram condizentes com o
espectáculo e o recinto engalanado: desde seguranças indelicados, a casas de
banho sem luz (do género de ser preciso recorrer ao telemóvel para se ver
alguma coisa) e a cheirarem mal, e um bar que só funcionava por clubes (sendo
que como estava colocado mais perto da claque do Sporting de Braga, só esses
adeptos podiam utilizá-lo durante o intervalo, tendo os restantes adeptos que
esperar o jogo começar para o bar estar vazio).
Desde
a época passada, em que foi criada a Liga Allianz com a entrada de grandes
clubes nacionais, que existe um novo paradigma no futebol feminino em Portugal.
A competição tornou-se diferente, reduzida a dois clubes com hipóteses de
ganharem troféus, porque dotados de condições excepcionais e só ao alcance de
alguns. Não me vou debruçar sobre a parte desportiva deste novo paradigma.
O
que me desagrada é que tenha sido trazido para o futebol feminino o pior do
futebol masculino, em maior escala do que já havia. Claques a entoarem cânticos
ordinários, seguranças que ficam histéricos e não deixam que o público se misture
(vi uma senhora com a camisola da Rute Costa – guarda-redes do Braga – sentada
no meio dos adeptos do Sporting, tranquilamente e sem ninguém a incomodar),
estádios gigantes e que depois não têm condições para receber as pessoas,
principalmente as mulheres, essas mesmas de que tanto se fala serem o novo
público-alvo do futebol.
Em
relação ao comportamento dos adeptos, é certo que já havia campos com público
difícil, mas penso que esta é uma área em que se pode desenvolver trabalho.
Mudar o rosto do público no futebol feminino seria uma grande aposta. E essa
aposta tem de começar a ser feita a partir de baixo, desde os escalões de
formação.
Também
as condições de alguns campos não são as melhores. Volto a referir as
instalações sanitárias, por ser um assunto de maior importância quando se é
mulher. Trazer as mulheres para o futebol exige um novo olhar que seja
amplamente periférico. Tem de haver sensibilização junto dos clubes para
melhorarem as suas instalações, quiçá ajudá-los a pôr em prática ideias que já
têm.
Convém
não esquecer que, apesar de todo o brilho que se faz quando o Sporting e Braga
se encontram, a ampla maioria dos jogos da Liga Allianz são presenciados por
adeptos que são amigos e familiares das jogadoras. Tudo numa escala
proporcional à dimensão dos clubes. É aí que tem de começar o trabalho. Só
assim se estará a fazer um verdadeiro investimento na promoção do futebol
feminino.
quarta-feira, 6 de setembro de 2017
A final da Supertaça feminina pela perspetiva de uma adepta
Declaração de interesses: não pretendo realizar a análise da final da Supertaça feminina numa perspetiva técnico-tática. Não tenho qualquer ambição de comentar incidências desportivas mais do que na perspetiva de adepta incondicional do futebol feminino nacional. Posto isto...
O jogo a que assistimos no passado domingo não foi um bom jogo de futebol. Qualquer dos três jogos disputado anteriormente entre o Sporting Clube Portugal e o Sporting Clube de Braga foram melhores espetáculos. Aliás, tenho para mim que os próximos jogos entre estas equipas, o nível irá sempre diminuir. Os receios mútuos e a inegável vontade de vencer de ambas as equipas vai conduzir a jogos pouco atrativos, em que ambas se vão tentar anular mutuamente e os confrontos serão decididos em detalhes. Espero estar enganada!
Não confundamos não ter sido um bom jogo, daqueles que enchem os olhos dos adeptos com um jogo cuja emoção e incerteza do resultado final esteve sempre presente. São perspetivas diferentes!
A disputa do primeiro troféu da época apresentou duas equipas em patamares completamente diferentes. O Sporting iria para o seu 4º jogo oficial e o Braga iria realizar o 1º. E o que eu vi, especialmente na 1ª parte foi um Braga melhor posicionado e confortavelmente a desenvolver o seu jogo, pautado pela Dolores bem secundada pelas restantes companheiras. Na retaguarda a Rute Costa era a última barreira e o Sporting viu-se "grego" para a derrubar.
Ainda antes do 1º golo do jogo, o Braga teve uma oportunidade negada pela Patricia Morais com uma monumental defesa! Uma coisa é certa, ambas as balizas estavam bem trancadas!
O golo das Guerreiras surge de um livre magistralmente cobrado pela Dolores e finalizado de forma fulgurante pela Pauleta, antecipando-se às centrais do Sporting.
Não será justo dizer que até aqui o Sporting não existiu porque não é verdade. No entanto, as poucas tentativas para sair para o ataque terminavam invariavelmente com um passe menos conseguido ou pela antecipação de uma adversária.
O golo não causou grande incomodo nas Leoas até porque já tinha acontecido o mesmo na final da Taça de Portugal e ainda o jogo não tinha 15 minutos.
O Braga mostrava-se, neste período, mais equipa enquanto o Sporting ia jogando por rasgos individuais... a dependência da velocidade e confronto um para um da Ana Borges na equipa do Sporting é cada vez mais evidente! Isso é mau? Não, mesmo que por algum impedimento esta não possa jogar acredito que o Sporting terá alternativa.
Com o passar dos minutos, o Sporting começa a equilibrar as disputas a meio campo e a criar situações de embaraço através do tridente ofensivo sem contudo conseguirem preocupar em demasia a Rute Costa.
A 2ª parte começa com a ascensão do Sporting, a dar os primeiros sinais que queria mudar o resultado. Assistiu-se ao recuo do Braga, talvez fruto da menor condição física (o que será natural, o Sporting além dos 3 jogos da UWCL tinha mais 3 do torneio de Tenerife), que começou a revelar-se perigoso. O Sporting assume as rédeas do jogo, o Braga começa a não conseguiu sair com bola controlada do seu meio campo defensivo e vê-se obrigado a correr atrás da bola. A entrada da Edite parece-me que tinha como objetivo colocar alguma ordem no jogo do Braga e respeito na equipa do Sporting, dada a enorme experiência acumulada. Ganhou e fez faltas cirúrgicas mas não havia espaço para ameaçar a baliza da Patricia Morais. Com o passar dos minutos, começa-se a assistir ao festival de oportunidades falhadas pelas jogadoras do Sporting, algumas com muito mérito e responsabilidade da Rute Costa, outras por demérito das jogadoras do Sporting! A da Ana Leite deve ter trazido muito más recordações aos sportinguistas quando há duas épocas o Bryan Ruiz fez semelhante contra o SL Benfica!
Por altura da entrada da Ana Capeta, já o Sporting tinha disposto de várias oportunidades para não ter que colocar à prova o coração dos seus adeptos e reforçar a determinação do Braga em manter o resultado até ao final.
E como os jogos só terminam quando o árbitro apita, depois de tantas oportunidades desperdiçadas, o golo do empate surge de uma jogada de insistência da Ana Capeta, a suspeita do costume a desembrulhar os jogos contra o Braga.
E com este golpe de teatro mas mais que justo, o jogo iria ter 30 minutos adicionais do prolongamento.
E ainda bem que teve na perspetiva do adepto porque o melhor estava guardado. Não falo do resultado mas sim do fantástico remate da Laura Luís que embateu estrondosamente no ferro da baliza da Patricia Morais! Seria um golo de levantar qualquer estádio.
Depois deste enorme susto, só deu Sporting. Não só porque demonstrava maior disponibilidade física mas também porque o Braga claudicou animicamente após o golo sofrido ao minuto 92.
O resto, bom o resto já se sabe como foi! A Ana Capeta e companhia limitada construíram o resultado final e o Sporting conquistou o primeiro troféu da época.
Se foi justo? Foi, o Braga recuou as suas linhas, começou a defender o resultado talvez cedo demais e arriscou muito pouco ofensivamente na 2ª parte. O Sporting, não desistiu, fez valer a sua melhor condição e frescura física, e o reforço anímico de ter empatado já em período de descontos.
Nota final para os pouco mais de 3400 espectadores presentes em Coimbra, um número aquém da expectativa mas antecipadamente previsível. Valeu, no entanto, os dados divulgados do interesse na transmissão televisiva, onde o prolongamento atingiu um pico digno de registo.
Sábado arranca a Liga Allianz e estes dois clubes assumem-se, naturalmente, como os dois maiores candidatos ao título.
sexta-feira, 1 de setembro de 2017
Pontapé de saída
A nova época desportiva do futebol feminino começa no próximo domingo. E começa como terminou a anterior, com o Sporting Clube de Portugal a medir forças com o Sporting Clube de Braga. No caso do primeiro, vai em busca do troféu que lhe falta no Museu e no caso do segundo, ambiciona alcançar o primeiro troféu depois da época passada não ter conseguido nenhum dos dois em disputa.
Espera-se um jogo equilibrado, entre duas equipas que se reforçaram com jogadoras de provas dadas e que trarão mais qualidade às competições da época que agora se inicia. O Sporting vai querer, obviamente, mostrar os argumentos que apresentou no mini torneio de qualificação da UEFA Women's Champions League (UWCL) e o Braga vai querer mostrar a qualidade do seu plantel com a entrada de jogadoras de referência no panorama nacional e mostrar que é capaz de disputar o jogo de igual para igual.
O jogo será transmitido na RTP 1 permitindo que todos os portugueses que assim o desejem possam acompanhar mais um jogo de futebol feminino.
Há que continuar a manter o futebol feminino presente no dia a dia. O EURO 2017 já lá vai e será muito redutor se consideramos que o futebol feminino nacional são as seleções. Afinal, quem fornece a matéria prima? Isso!
A data escolhida, em minha opinião, não foi a mais "adequada" (possivelmente não haveria outra uma vez que em ano de EURO, o mini torneio da UWCL realizou-se mais tarde). Não do ponto de vista desportivo naturalmente, mas sim porque fica "entalada" entre dois jogos decisivos da seleção nacional na corrida ao apuramento direto para o mundial da Rússia 2018, sendo que o jogo contra a Hungria será no próprio dia da final da Supertaça, poucas horas após o final desta.
Poderá este ser um constrangimento para que os adeptos se desloquem ao Estádio Cidade de Coimbra para assistir ao vivo ao jogo? Poderá, até porque terá o conforto da transmissão na RTP às 15h e depois às 19h45 joga a seleção nacional. Tarde de sofá e futebol na TV.
Será possível bater um novo recorde de assistências no jogo da Supertaça (mais de 12 mil)?
Vai depender da mobilização que os clubes consigam fazer próximo dos seus adeptos e, também, da curiosidade que a população de Coimbra e arredores possa ter relativamente ao jogo.
Vamos ver destaque na imprensa escrita no dia seguinte?
Desejo que sim, mas tenho as minhas dúvidas. Seguramente não será como já nos "habituámos" e como o futebol feminino nacional merece.
Sobre o jogo... pode mostrar muito (para não dizer tudo) do que será a época 2017-2018 ao nível da discussão da Liga Allianz e da Taça de Portugal.
Fica para outro texto!
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