Há 17 anos, em Portalegre, no dia 22/11/2000, Portugal também jogou contra a Itália, num jogo de playoff para o Campeonato da Europa de 2001. Curiosamente, também teve transmissão televisiva.
Começo este texto recordando esta memória porque nesse dia as condições atmosféricas foram em tudo semelhantes às ontem verificadas no Estoril, um dia de chuva intensa e que transformaram o campo de jogo em Portalegre numa autêntica piscina. Os delegados da UEFA ponderaram seriamente o adiamento do jogo dadas as condições de impraticabilidade do terreno de jogo (a bola boiava sobre a relva e a bomba de água não dava conta do recado para escoar a mesma). A delegação italiana estava decidida a resolver o playoff nesse dia e opôs-se à mudança do dia do jogo, conforme o regulamento estipulava à data. Acredito que esta posição só foi assim assumida dado que tinham uma confortável vantagem de 3-0 do jogo da 1ª mão.
O jogo esse mais pareceu polo aquático uma vez que o campo nunca chegou a ter as condições mínimas para a realização de um jogo de futebol. O resultado foi favorável às nossas cores, 1-0, ainda assim insuficiente para qualquer outra coisa que não somar uma saborosa vitória em condições adversas. Não referi, propositadamente, que a diferença de nível entre a seleção portuguesa e a italiana, em 2000, era notória e significativa mas num campo naquelas condições era impossível observar a superioridade italiana.
Ontem, no Estoril, o terreno de jogo não estava sequer perto do ocorrido em 2000 e a diferença de nível, determinado pelo ranking europeu, não se viu. O que se viu foi a seleção nacional a controlar a seleção italiana, a tapar todos os caminhos para a sua baliza e a desperdiçar oportunidade atrás de oportunidade, que se viriam a revelar fatais para o resultado final. Tinha afirmado no dia anterior, que o jogo seria resolvido nos detalhes, como se veio a verificar. A Itália teve 2 oportunidades de golo flagrantes. Marcou uma e a Patrícia Morais defendeu a outra.
Mais do que as opções assumidas pela equipa técnica nacional na disposição das jogadoras no sistema de jogo adotado, deslocando algumas para posições que não são as suas habitualmente nos clubes (ficaremos sempre na dúvida se nas suas posições habituais o rendimento individual em prol do coletivo seria ou não superior), o que é mais preocupante são as oportunidades flagrantes (eu contei 7) que a nossa seleção não conseguiu concretizar. A Itália teria sido vergada à sua qualidade atual, longe dos tempos áureos em que foi uma das seleções europeias mais temíveis. É certo que a árbitra espanhola viu uma falta no golo anulado à Raquel Infante que só ela conseguiu ver. Que não teria tido a importância que veio a ter no resultado se Portugal conseguisse concretizar, pelo menos, 50% das oportunidades claras que criou, seja em bola corrida seja em bolas paradas.
O resultado é injusto dado o caudal ofensivo, com jogadas de elevada qualidade e muita personalidade da equipa, nunca mostrando inferioridade e sem temer a diferença de ranking mas uma equipa que quer lutar pelo apuramento não pode desperdiçar tantas oportunidades flagrantes de golo, nomeadamente contra os adversários diretos.
E assim se desperdiçam 6 pontos (derrota em Penafiel com a Bélgica, a 24/10/2017), que nos colocaria no topo do grupo 6, a par da Itália (que lidera o grupo mas já tem 4 jogos disputados) e a discutir o apuramento de igual para igual.
É possível reverter o cenário? Sim, sem qualquer hesitação, mas a tarefa que se avizinha não vai ser fácil.
Se acredito? Até ser matematicamente impossível, sempre!
E desejo que todos os portugueses acreditem. Só assim lá chegaremos!