Ter um plantel homogéneo, com duas alternativas para cada posição, é o desejo de todo o treinador. Pelo menos sê-lo-á em teoria. Na prática pode revelar-se um exercício duro de gestão e liderança.
Se por um lado, ter jogadoras à altura de substituir com a mesma qualidade, facilita as escolhas do treinador em casos de lesão e/ou castigos, por outro obriga-o a decidir por que tipo de gestão e liderança ele quer optar:
a) jogarem sempre as que ele considera estarem melhores
b) fazer um sistema de rotatividade
Em qualquer das opções, há consequências para lidar.
Na primeira, a), jogando a maioria das vezes com as jogadoras que se apresentem melhor (seja física seja tacticamente), as menos utilizadas têm tendência a desmotivarem-se.
Na segunda, b), parecendo a mais consensual e a de mais fácil gestão dos egos das jogadoras, quem é melhor não sente recompensado o seu trabalho e qualidade.
Quando se trata de futebol feminino, estas circunstâncias são particularmente difíceis, porque as mulheres têm dificuldade em aceitar uma coisa só porque ela é assim. Têm necessidade de uma explicação lógica para a sua aceitação.
Portanto, um treinador com um plantel ideal vê-se perante a evidência de ser preso por ter cão e por não ter.
Portanto, um treinador com um plantel ideal vê-se perante a evidência de ser preso por ter cão e por não ter.
Para mim, apesar de nunca sequer ter tido a ideia de ser treinadora, é mais do que evidente que optaria sempre por aquelas que fossem as melhores. Ter coragem para fazer essa opção, nem sempre é fácil quando se gere um grupo de vinte e tal jogadoras, mas é o que é mais justo para todos.
Quem faz um desporto de competição tem de estar preparada para duas situações: jogar e não jogar. Claro que é difícil para quem joga menos, mas cabe ao treinador não ter receio de se explicar e manter a motivação constante mesmo nessas jogadoras.
Na longínqua época 1992/93, na equipa feminina do Sporting havia duas guarda-redes de nível idêntico: a Carla Cristina (que viria a ser a melhor guarda-redes nacional de sempre) e a Luísa Castro. O treinador, face ao dilema de ter de escolher, optava pela rotatividade. Perante a situação de saberem antecipadamente quando jogavam, e não jogavam, independentemente do que trabalhavam nos treinos, tiveram uma conversa com o treinador e disseram que ele tinha de escolher. Tinha de assumir a sua opção e elas aceitariam e trabalhariam a partir daí. E ele assim fez. Diga-se em abono de ambas que isto só aconteceu porque, para além de serem duas grandes guarda-redes, eram duas jogadoras de excepção, com grande sentido do dever, que jamais aceitariam estar a jogar em situação de favor. Esta rivalidade não impediu que desenvolvessem uma forte amizade, o que diz bem da personalidade de ambas e da sua postura em defesa dos interesses da equipa.
Quem faz um desporto de competição tem de estar preparada para duas situações: jogar e não jogar. Claro que é difícil para quem joga menos, mas cabe ao treinador não ter receio de se explicar e manter a motivação constante mesmo nessas jogadoras.
Na longínqua época 1992/93, na equipa feminina do Sporting havia duas guarda-redes de nível idêntico: a Carla Cristina (que viria a ser a melhor guarda-redes nacional de sempre) e a Luísa Castro. O treinador, face ao dilema de ter de escolher, optava pela rotatividade. Perante a situação de saberem antecipadamente quando jogavam, e não jogavam, independentemente do que trabalhavam nos treinos, tiveram uma conversa com o treinador e disseram que ele tinha de escolher. Tinha de assumir a sua opção e elas aceitariam e trabalhariam a partir daí. E ele assim fez. Diga-se em abono de ambas que isto só aconteceu porque, para além de serem duas grandes guarda-redes, eram duas jogadoras de excepção, com grande sentido do dever, que jamais aceitariam estar a jogar em situação de favor. Esta rivalidade não impediu que desenvolvessem uma forte amizade, o que diz bem da personalidade de ambas e da sua postura em defesa dos interesses da equipa.
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