quinta-feira, 15 de março de 2018

As bodas de prata da Algarve Cup

Inicia-se no próximo dia 28 de fevereiro a 25ª edição da Algarve Cup. Como já tínhamos dito anteriormente, março é o mês do futebol feminino e é de inteira justiça dizer que este torneio é o terceiro mais relevante depois do Mundial e dos Jogos Olímpicos. Nem a "fuga" dos EUA, da Alemanha e da França lhe retira a reconhecida  importância na preparação das 12 seleções que competem a sul do país.

Posso fazer-vos um retrato do que foram os últimos 25 anos da minha vida neste periodo que decorre a Algarve Cup - foi sempre passado a sul do país (só falhei a edição de 2016). 

Qualquer semelhança da primeira edição para a que está prestes a começar é pura coincidênca. A todos níveis o torneio cresceu e amadureceu. No longínquo ano de 1994 deu-se o pontapé de saída da 1ª Algarve Cup (inicialmente designado de Mundialito de futebol feminino) e para as atletas da altura foi o evento onde mais puderam crescer desportivamente e desenvolver as suas capacidades e competências individuais. Nesse tempo não havia redes sociais, destaque na comunicação social era dado às equipas que vinham de fora (o que se entendia) e era impensável ter a transmissão em direto dos jogos. Eram tempos diferentes então mas que tiveram a sua importância no desbravar caminho para o que se começa a concretizar nos dias de hoje. Por vezes penso que as jogadoras não têm noção da sorte de dispor das condições atuais e muito menos dos obstáculos que foram precisos ultrapassar para chegarem aos dias de hoje. 

Tenho, como se depreende, muitas histórias que guardo com muito carinho e que me enchem de orgulho. Guardo muitas e boas recordações das minhas 10 presenças enquanto atleta. Foi o período em que defrontei das melhores jogadoras de todos os tempos, que percebi que "não jogava nada" quando em confronto direto. Decidi que tinha  que fazer mais para poder diminuir a distância entre mim e elas (e consegui, digo-o sem qualquer falsa modéstia). Eu não gosto de perder e nessa altura era o resultado mais usual (mas ao qual nunca nos acomodamos ou resignarmos mas as outras seleções estavam num patamar demasiado elevado para uma seleção que teve um interregno de 10 anos conseguisse dar luta). Todos os jogos eram uma aprendizagem a reter. 

Fiz (vou fazer nesta edição das bodas de prata), a minha 14ª participação enquanto TLO  (Team  Liasion Officer) e a aprendizagem não para. Acompanhei seleções de quase todos os continentes e tive o raro privilégio de "trabalhar" com a seleção do Japão, em 2012, quando regressa à Algarve Cup como campeã mundial em título. Posso dizer-vos que esta foi a edição mais recheada de surpresas. A chegada do Japão ao aeroporto de Lisboa foi transmitida em direto para o Japão. Nesse ano, o Japão tinha mais de 100 jornalistas acreditados e que não arredavam pé de treinos/jogos sem antes falar com jogadoras e treinador.

Os jogos do Japão sempre foram transmitidos, em direto, independentemente da diferença horária (mais 9h no Japão) que obrigou a organização do torneio a marcar o início dos jogos para horas pouco usuais (12h10, por exemplo) e assim entrar no horário nobre de qualquer estação televisiva! Foi toda uma nova experiência.

A 25ª Algarve Cup também ficará guardada com muito carinho na minha cabeça. A convocatória para integrar o jogo das  Estrelas permitiu-me, passado quase 15 anos que pendurei as chuteiras, voltar a vestir a camisola de Portugal ainda que de forma simbólica. Foram umas horas repletas de alegria e boa disposição para comemorar o quarto de século da Algarve Cup.

Se bem que as únicas estrelas maiores são o próprio torneio e a aposta da FPF em nunca deixar cair o mesmo além de permitir o seu crescimento ano após ano.

Muita sorte e sucesso para todas as seleções mas em particular para a seleção portuguesa.

Que comecem os jogos!

Sem comentários:

Enviar um comentário