sexta-feira, 21 de setembro de 2018

Liga BPI - o que esperar desta segunda jornada



É já no próximo domingo, pelas 15 horas, que se vai disputar a 2ª jornada da Liga BPI.
Da primeira jornada vieram duas surpresas: as vitórias, fora, de duas das três equipas promovidas à Liga BPI, o Marítimo e Ouriense.
Bom começo para animar a competição e tornar menos previsíveis os resultados em cada jornada.
Que duelos temos, então?
Marítimo - Clube de Albergaria - após a vitória fora do Marítimo e tendo o Clube de Albergaria cedido um empate em casa, e apesar da equipa da Madeira ser estreante na Liga, o favoritismo estará do seu lado. Mas só pelo efeito surpresa da vitória, que naturalmente reforça animicamente a equipa. No entanto, do outro lado está uma equipa habituada a grandes jogos e que venderá caro o resultado.
Estoril Praia - Valadares Gaia - a jogar em casa, o Estoril terá algum favoritismo. Mas o Valadares terá vontade de "vingar" a derrota do fim de semana na capital, contra o Futebol Benfica, e tem argumentos para isso, como mostrou na 2ª parte do jogo anterior.
AD Ovarense - SC Braga - início de época bastante difícil para a recém promovida Ovarense. Com armas muito diferentes do Braga, resta procurar intensificar o seu ritmo (e nada melhor para isso do que os jogos com Sporting e Braga) para de seguida "entrar" na Liga BPI de verdade. Para o Braga mais um teste à concentração e disponibilidade da equipa, já que as dificuldades serão poucas.
Futebol Benfica - Sporting - jogo de extrema dificuldade para o Fofó, mercê da valia do Sporting. Com o centro da defesa com algumas lesionadas, ainda assim, deu para ganhar ao Valadares. Mas as duas avançadas do Sporting Diana Silva e Carolina Mendes já valem, com somente uma jornada feita, três golo cada. Um teste de muita luta para a equipa da jovem Madalena Gala, que já deu um novo futebol ao Fofó. Para o Sporting será mais um jogo em que terá de conquistar os três pontos, porque a sua condição assim o exige, à semelhança do Braga, e os objectivos também. Apesar das diferenças, prevê-se um jogo bastante interessante.
Ouriense - Boavista - o Ouriense a jogar me casa é sempre uma equipa bastante difícil, porque os seus adeptos são mesmo o 12º jogador. Com a vitória, algo surpreendente, em Viva Verde, estará com a moral em alta. O Boavista, após derrota em casa, tem pela frente um jogo bastante difícil, mas no qual tentará conquistar pontos, ou a sua treinadora não fosse a Alfredina Silva, conhecida pelas equipas lutadoras mas também bastante organizadas.
A-dos-Francos - Vilaverdense - campo sempre difícil o do A-dos-Francos, e onde a o favoritismo está sempre do lado da equipa da casa, exceptuando Braga e Sporting. Após a derrota na 1ª jornada, quererão somar os primeiros pontos. Mas do lado outro lado deverão encontrar um Vilaverdense com alguma azia da derrota em casa e com vontade de mostrar que não ficaram em 4º lugar na época passada por acaso. Prevê-se um jogo bastante intenso.
Quais as surpresas que nos estarão reservadas para domingo? Estou expectante.
Acima de tudo, que seja uma jornada de saudável competição e onde o futebol feminino saia sempre dignificado.

segunda-feira, 17 de setembro de 2018

A próxima realidade do futebol feminino nacional

(Foto FPF)
Até ao aparecimento dos designados clubes grandes com equipas de futebol feminino (Sporting CP, SC Braga e SL Benfica), a contratação de jogadoras estrangeiras era quase inexistente. Existiam jogadoras oriundas de outros países a evoluir em equipas nacionais, mas sem a dimensão que se observa atualmente. Por norma chegavam a Portugal com a família e não vinham exclusivamente para jogar futebol.
As exigências e os objetivos traçados por estas equipas (no imediato não se aplica ao SL Benfica, mas para lá caminha na época 2019/2020), não se limitam às competições internas, mas sim à sua projeção por essa Europa fora. E, para tal, há que encontrar as melhores jogadoras para fazer face aos desafios.
Ora, por muito que nos custe admitir, Portugal ainda não dispõe de um leque alargado de jogadoras com elevada qualidade para se poder construir 3/4 equipas com o mesmo nível de competitividade. Caminha-se a passos largos para essa realidade, as gerações mais novas estão em franco crescimento e já com outras exigências competitivas a nível internacional. Para se poder construir uma equipa competitiva há que recorrer à contratação de jogadoras estrangeiras. O Sporting CP tem três, o SC Braga tem um conjunto considerável de jogadoras provenientes dos quatro cantos do mundo e o SL Benfica construiu a sua equipa base com recurso a jogadoras brasileiras, quase todas com provas dadas a nível de seleção (principal ou de formação).
Uma coisa é certa: o aporte de jogadoras que evoluíam em campeonatos mais competitivos que a nossa Liga BPI só pode ser visto com agrado e com a perspetiva de tornar esta cada vez mais interessante.
Pessoalmente só tenho um senão. Nada me move contra que a Liga BPI possa ter jogadoras estrangeiras de qualidade e que estas possam, efetivamente, ser uma mais-valia para a competitividade. Não obstante, defendo incondicionalmente que todas as que sejam contratadas tenham que ser melhores do que as jogadoras portuguesas que disputam as várias competições femininas. Contratar e depois ter que rentabilizar o investimento em detrimento da opção na jogadora portuguesa em nada contribui para o crescimento e valorização da jogadora nacional. Será um lugar tapado (ou vários) e que uma jogadora portuguesa não vai poder disputar de igual para igual. 
E não, não é uma utopia o que afirmei acima. Vivemos essa realidade na Liga NOS e nas demais competições masculinas profissionais, onde muitos lugares estão ocupados por jogadores estrangeiros que em nada acrescentam qualidade ou competitividade e que não são melhores que os nossos jogadores. Outros valores se elevam sem que isso beneficie o espetáculo desportivo propriamente dito.
Que o exemplo não se repita na versão feminina.

Maria João Xavier (texto publicado originalmente no sítio do Sindicato dos Jogadores)

sexta-feira, 14 de setembro de 2018

Liga BPI quase a estrear

 
 
Depois da época oficial se ter iniciado com a Supertaça, da qual saiu vencedora a equipa do SC Braga, vencendo o Sporting CP nas grandes penalidades após um empate a uma bola, começa este fim de semana a nova Liga BPI.
Na prática será em tudo igual à anterior competição, só mudando o nome do patrocinador.
À semelhança das duas épocas anteriores, os favoritos à conquista do título serão Sporting CP e SC Braga. Por muito monótono e contraproducente que seja, o favoritismo e a responsabilidade do título recaem nas duas equipas que têm uma estrutura toda ela dedicada tão e somente ao futebol feminino, jogadoras incluídas.
A curiosidade será em ver como reagirá o Sporting CP à perda da Supertaça, já que outro dos objectivos por demais desejado - a passagem à fase a elimina da UEFA Women's Champions League - também não foi alcançado. Ou seja, o Sporting CP entra para a Liga BPI carregado de frustração. Se por um lado isso poderá ser motivador, aquela coisa de "o que não nos mata, torna-nos mais fortes", por outro se o grupo não estiver suficientemente maduro e agregado, a dificuldade em ultrapassar a frustração pode fazer estragos. E isso só agora poderemos ver, já que numa equipa que vence sempre, é mais fácil os atritos serem relevados.
O SC Braga entra na época cheio de confiança, já que ao oitavo embate finalmente sai vitorioso. E logo uma vitória que dá um título. Veremos como a equipa se irá desenvolver, já que tem muitas jogadoras novas e o jogo da Supertaça não foi propriamente brilhante. Embora tenham acabado em crescendo.
Analisando, então a primeira jornada:
 
SC Braga - A-dos-Francos - o Braga recebe a equipa que na época passada se salvou in extremis da descida. Confronto muito desigual e se a equipa visitante viajar no próprio dia, o que é habitual em função dos parcos orçamentos, ainda ajudará mais a cavar o fosso. Mantendo a maioria das jogadoras da época passada, o A-dos-Francos terá sempre grande dificuldade perante adversários desta valia.
 
Sporting CP - AD Ovarense - o campeão, ferido, a receber uma das equipas que se vai estrear no novo formato de competição. Para o Sporting será um jogo para ganhar, assim o exige o seu estatuto, ainda para mais jogando em casa. Para a Ovarense é um jogo cheio de motivações extra: contra o campeão, jogar na Academia, ter transmissão televisiva, e onde não se lhe pode assacar mais nenhuma responsabilidade que não aquela de mostrar por que motivo subiu à Liga BPI.
 
Futebol Benfica - Valadares Gaia - um duelo já histórico no futebol feminino, tais os confrontos inflamados e disputados por ambas as equipas. De notar que o Valadares roubou a possibilidade do Futebol Benfica conquistar seis troféus nacionais consecutivos, ao ganhar a Supertaça em 2016. Para domingo, espera-se naturalmente um jogo muito equilibrado e bem disputado, havendo alguma curiosidade na estreia oficial de Edite Fernandes no Fofó, vinda do SC Braga. Também o Valadares recebeu uma jogadora de lá, a Guita, um regresso à equipa de Gaia. Será, certamente, um dos jogos fortes da jornada.
 
Clube de Albergaria - Estoril Praia - outro jogo que desperta alguma curiosidade. O Albergaria reforçou-se bastante, beneficiando da desistência do Ferreirense, e é um histórico do futebol feminino, sendo um dos baluartes da formação em Portugal. O Estoril, que na época passada ficou em terceiro, e que trabalha muito bem ao nível da formação, viu saírem algumas jogadoras e o treinador. De que modo é que isso vai afectar a qualidade da equipa é o que poderemos já começar a ver este fim de semana.
 
Boavista - Marítimo - com um departamento de futebol feminino todo renovado, e o regresso da Alfredina Silva para o comando técnico, o Boavista teve de enfrentar a saída de bastantes jogadoras. Para este jogo há alguma expectativa em saber de que forma Alfredina conseguiu refazer a equipa. O Marítimo, campeão da Promoção da época passada, faz a sua estreia na Liga. Reforçado com a internacional portuguesa, Suzane Pires, estará cheio de motivação para o primeiro jogo, ainda para mais contra o Boavista, o clube com mais história no futebol feminino português.
 
Vilaverdense - CA Ouriense - do Vilaverdense, mesmo com saída de jogadores importantes, como o regresso da Sara Brasil ao Braga, pode-se sempre esperar boas equipas, já que aquela zona é fértil em jogadoras de bastante qualidade. Depois do quarto lugar conquistado na época passada, neste jogo o factor casa ajuda a um certo favoritismo. O Ouriense, clube que já foi bi-campeão nacional e conquistou uma Taça de Portugal e tem no seu palmarés ser o único clube que almejou passar a fase de grupos da UWCL, regressa à Liga feminina mercê da desistência do Ferreirense. Com alguns reforços quiçá para a manutenção, é sempre um adversário a ter em conta.
 
Domingo, começa portanto uma nova Liga, que cria bastantes expectativas e em que todos os protagonistas terão um papel importante para a divulgação do futebol feminino.
Desejamos uma boa atitude competitiva e arbitragens seguras e assertivas.