(Foto: Anabela Brito Mendes/Sports and Girls) |
Quem me conhece e acompanha o que vou escrevendo sabe que não abordo questões técnico-táticas de jogos de futebol. Isso fica para os entendidos, que não é de todo o meu caso. Mas, como adepta de futebol, creio que consigo diferenciar um bom jogo, daqueles de encher o olho de um jogo monótono e pouco atrativo.
Ora, o jogo que opôs o SL Benfica ao SC Braga, disputado no Estádio da Tapadinha, não sendo um jogo de encher o olho teve todos os ingredientes que o tornaram de nervos, emoções fortes, de enorme entrega das jogadoras de ambas as equipas e de incerteza no resultado até soar o apito final. Os milhares de adeptos que se deslocaram ao estádio (seguramente mais de 2500) e os que assistiram através da transmissão televisiva não saíram defraudados e assistiram a um espetáculo disputado no limite.
Foi o primeiro jogo para o SL Benfica contra uma equipa da Liga BPI também profissional e era aguardado com grande expetativa para se perceber, de forma definitiva, a real qualidade da equipa lisboeta. E, quem esperava ver a equipa encarnada com prudência para perceber como o jogo ia decorrer, enganou-se. Foi a equipa que entrou mais forte, a cometer menos erros, a ter mais posse de bola e à procura do golo, que surgiu com naturalidade à passagem do minuto 25, por Darlene. Um golo de belo efeito num remate de primeira após mau alívio da defesa bracarense. A mesma jogadora podia ter aumentado a contagem quase de seguida mas a bola saiu rente ao poste. O Braga, até ao golo do Benfica, mostrou-se uma equipa muito diferente do que já vimos esta época. Não conseguia ter bola, as suas jogadoras, aparentemente, acusaram mais a responsabilidade do jogo que as suas adversárias, os passes raramente tinham o destino certo e não conseguia assentar o seu jogo. O golo da igualdade surge de um lance de bola parada, onde a GR do Benfica não fica isenta de culpa, numa saída em falso, aos 37 minutos.
A etapa complementar revelou um Braga mais próximo do que é habitual, a conseguir manter a bola em seu poder (todavia sem nunca criar lances de perigo eminente para a baliza encarnada) e a obrigar as jogadoras do Benfica a um desgaste físico adicional na procura da mesma. O Braga trouxe ao de cima a sua maior experiência mas sem nunca amedrontar a equipa encarnada. O melhor da tarde estava guardado para o minuto 68 com o monumental golo do Braga, na marcação de um canto direto pela Ágata Pimenta. O Benfica não desistiu e voltou à carga à procura do golo do empate, mas deparou-se com uma barreira chamada Rute Costa (com a segurança que lhe é reconhecida manteve a sua baliza trancada) ou com a pontaria desafinada das suas jogadoras. Mesmo sobre o apito final, num livre ainda se gritou golo pelos adeptos benfiquistas mas foi ilusão ótica, já que a bola saiu ao lado, num cabeceamento quase perfeito de Tayla.
A diferença neste jogo, em jeito de resumo, foi o aproveitamento por parte do Braga das bolas paradas e a sua maior experiência e ritmo competitivo. Não se iluda quem pense que isso não ficou demonstrado. O Benfica não tinha tido, até ao jogo de ontem, necessidade de correr atrás resultado, nunca tinha estado na posição de desvantagem e não era obrigado a mexer na sua equipa ou mudar estratégia para recuperar. Ou seja, todas estas variáveis nunca tinham sido abordadas, em contexto de jogo, quer pela equipa técnica quer pelas jogadoras. Foi toda uma realidade nunca vivenciada e isso só se treina e aprende quando acontece.
(Foto: Anabela Brito Mendes/Sports and Girls) |
A eliminatória está longe de estar decidida. O Benfica vai a Braga discutir a passagem à final da Taça de Portugal BPI de igual para igual. O resultado de ontem de nada lhe serve para que consiga alcançar um dos seus objetivos na época de lançamento. Dia 20 de abril espera-se outro jogo de emoções e nervos à flor da pele.
Uma coisa é certa, o futebol feminino nacional precisa de muitos mais jogos deste calibre, dimensão e competitividade para continuar a evoluir.
Que ninguém duvide disso!
Uma boa análise do jogo, imparcial e sem ir buscar lances mais polémicos (embora tenha concordado com grande parte da arbitragem e ache que não teve influência).
ResponderEliminarA meu ver, o Braga da primeira parte quis ver com o que podia contar por parte do Benfica e, por isso, cometeu falhas que lhe podiam ter custado mais que o que custaram. Na segunda parte, o Benfica já acusou aquilo por que nunca tinha passado: a tal questão da derrota, o correr atrás do resultado (como diz e bem) e o facto de ser uma equipa menos experiente. Notou-se a frustração quando cada vez mais discutiam decisões com a arbitra (com ou sem razão).