sexta-feira, 29 de março de 2019

Benfica x Sporting - derby feminino por Moçambique


Mal se soube da criação de uma equipa feminina por parte do Sport Lisboa e Benfica, instalou-se a natural curiosidade sobre quando é que iria acontecer o derby Benfica-Sporting. Esse confronto, entre as melhores equipas de ambos emblemas, estaria naturalmente agendado para a época 2019/2020. Apesar de ter entrado para o escalão inferior, o Benfica construiu uma equipa fortíssima que lhe garantia a subida de divisão de forma tranquila. Já houve confrontos entre ambos, tanto na formação, como nas seniores, mas com a equipa 'B' do Sporting. E não é nada disso que o público adepto, tanto dos clubes como do futebol feminino, deseja ver.

Foram causas naturais, daquelas que ainda que previsíveis ninguém controla, as "causadoras" da antecipação deste confronto. O ciclone tropical Idai, que irrompeu pela costa leste de Moçambique e deixou um rasto de destruição e devastação, foi, portanto, o leitmotiv deste evento solidário agendado para amanhã, 30 de Março, pelas 16 horas no Estádio do Restelo.

Não podia haver melhor motivo para esta estreia. Sendo equipas de clubes com uma rivalidade centenária, que nem sempre se manifesta publicamente da maneira mais assertiva e correcta, o facto de se defrontarem para um evento solidário extra-competição poderá levar, assim o esperamos, a que o público se fixe nos pormenores do jogo e no talento das jogadoras, deixando de lado o folclore da má criação habitual nestes jogos. 

Não deverá haver grandes dúvidas de que as equipas se apresentarão na sua máxima força. E isso até revelará o respeito dos treinadores pelo carácter social e solidário do evento. 

Ambas as equipas têm coisas boas a retirar deste jogo, para além da sensação de conforto emocional por estarem a ajudar o povo de Moçambique. Para o Benfica, será a oportunidade de ter um adversário, novamente, à sua altura e perceber até que ponto tem uma equipa para lutar pelo título na Liga BPI, na próxima época. O Sporting ainda poderá ter algo a ganhar até ao final desta. O confronto com o Braga, na penúltima jornada, com uma vitória por mais 3 golos, dar-lhe-á o título. Portanto, o jogo de amanhã poderá ser um bom teste para a capacidade táctica e anímica da equipa. 

Sejam quais forem as motivações das equipas, seguramente será um jogo emocionante e rico. Excelentes executantes de ambos os lados, serão elas que farão o espectáculo e alegrarão as bancadas do Restelo. Que haja golos, para que a festa seja melhor.

Para que tudo seja perfeito, esperemos que as pessoas adiram e pintem as bancadas de vermelho e verde. E que o bom senso se sobreponha à rivalidade e haja palmas para todas as jogadoras envolvidas neste evento, joguem elas ou não. 

#TodosMoçambique



segunda-feira, 25 de março de 2019

SL Benfica – SC Braga: a primeira mão das meias-finais da Taça de Portugal BPI

(Foto: Anabela Brito Mendes/Sports and Girls)

Quem me conhece e acompanha o que vou escrevendo sabe que não abordo questões técnico-táticas de jogos de futebol. Isso fica para os entendidos, que não é de todo o meu caso. Mas, como adepta de futebol, creio que consigo diferenciar um bom jogo, daqueles de encher o olho de um jogo monótono e pouco atrativo.
Ora, o jogo que opôs o SL Benfica ao SC Braga, disputado no Estádio da Tapadinha, não sendo um jogo de encher o olho teve todos os ingredientes que o tornaram de nervos, emoções fortes, de enorme entrega das jogadoras de ambas as equipas e de incerteza no resultado até soar o apito final. Os milhares de adeptos que se deslocaram ao estádio (seguramente mais de 2500) e os que assistiram através da transmissão televisiva não saíram defraudados e assistiram a um espetáculo disputado no limite.
Foi o primeiro jogo para o SL Benfica contra uma equipa da Liga BPI também profissional e era aguardado com grande expetativa para se perceber, de forma definitiva, a real qualidade da equipa lisboeta. E, quem esperava ver a equipa encarnada com prudência para perceber como o jogo ia decorrer, enganou-se. Foi a equipa que entrou mais forte, a cometer menos erros, a ter mais posse de bola e à procura do golo, que surgiu com naturalidade à passagem do minuto 25, por Darlene. Um golo de belo efeito num remate de primeira após mau alívio da defesa bracarense. A mesma jogadora podia ter aumentado a contagem quase de seguida mas a bola saiu rente ao poste. O Braga, até ao golo do Benfica, mostrou-se uma equipa muito diferente do que já vimos esta época. Não conseguia ter bola, as suas jogadoras, aparentemente, acusaram mais a responsabilidade do jogo que as suas adversárias, os passes raramente tinham o destino certo e não conseguia assentar o seu jogo. O golo da igualdade surge de um lance de bola parada, onde a GR do Benfica não fica isenta de culpa, numa saída em falso, aos 37 minutos.
A etapa complementar revelou um Braga mais próximo do que é habitual, a conseguir manter a bola em seu poder (todavia sem nunca criar lances de perigo eminente para a baliza encarnada) e a obrigar as jogadoras do Benfica a um desgaste físico adicional na procura da mesma. O Braga trouxe ao de cima a sua maior experiência mas sem nunca amedrontar a equipa encarnada. O melhor da tarde estava guardado para o minuto 68 com o monumental golo do Braga, na marcação de um canto direto pela Ágata Pimenta. O Benfica não desistiu e voltou à carga à procura do golo do empate, mas deparou-se com uma barreira chamada Rute Costa (com a segurança que lhe é reconhecida manteve a sua baliza trancada) ou com a pontaria desafinada das suas jogadoras. Mesmo sobre o apito final, num livre ainda se gritou golo pelos adeptos benfiquistas mas foi ilusão ótica, já que a bola saiu ao lado, num cabeceamento quase perfeito de Tayla.
A diferença neste jogo, em jeito de resumo, foi o aproveitamento por parte do Braga das bolas paradas e a sua maior experiência e ritmo competitivo. Não se iluda quem pense que isso não ficou demonstrado. O Benfica não tinha tido, até ao jogo de ontem, necessidade de correr atrás resultado, nunca tinha estado na posição de desvantagem e não era obrigado a mexer na sua equipa ou mudar estratégia para recuperar. Ou seja, todas estas variáveis nunca tinham sido abordadas, em contexto de jogo, quer pela equipa técnica quer pelas jogadoras. Foi toda uma realidade nunca vivenciada e isso só se treina e aprende quando acontece.
(Foto: Anabela Brito Mendes/Sports and Girls)
A eliminatória está longe de estar decidida. O Benfica vai a Braga discutir a passagem à final da Taça de Portugal BPI de igual para igual. O resultado de ontem de nada lhe serve para que consiga alcançar um dos seus objetivos na época de lançamento. Dia 20 de abril espera-se outro jogo de emoções e nervos à flor da pele.
Uma coisa é certa, o futebol feminino nacional precisa de muitos mais jogos deste calibre, dimensão e competitividade para continuar a evoluir.
Que ninguém duvide disso!

sexta-feira, 22 de março de 2019

Taça de Portugal - meias finais com confrontos inéditos



Clube de Albergaria/Durit, Sporting Braga, SL Benfica e Valadares Gaia são os dignos representantes do futebol feminino nas meias-finais da Taça de Portugal, que se joga a duas mãos, a primeira das quais já este fim de semana.
 
Analisando somente a última década, o Valadares Gaia vai disputar a sua quinta meia-final, o Clube de Albergaria a quarta, o Braga a terceira e somente para o Benfica será a primeira, já que iniciou actividade esta época.
 
Curiosamente, e apesar da vasta participação de alguns, estes confrontos serão inéditos. O Albergaria já esteve nas meias-finais com o Valadares, mas ambos com outros adversários.
Uma coisa têm em comum estes quatro emblemas: nenhum deles jamais subiu a escadaria do Jamor em último lugar, ou seja, o de vencedor da prova. Imagine-se, portanto, o quão apetitosos serão estes quatro jogos!
 
De imediato iremos ter:
- amanhã dia 23, o Valadares Gaia x Clube de Albergaria/Durit
- domingo dia 24, o SL Benfica x Sporting Braga
ambos às 15 horas e com transmissão em A Bola TV. Mas com esta qualidade, só mesmo quem estiver longe ou não se puder deslocar é que não irá ver ao vivo.
 
Começando pelo Valadares x Albergaria, encontro já largas vezes disputado na prova máxima das competições femininas. Tendo como grande atractivo serem orientadas por treinadoras (Mara Vieira e Paula Pinho), o que garante que na final esteja uma mulher a comandar uma das equipas. A não ser que, em caso de vitória da eliminatória pelo Valadares, a Mara Vieira já esteja em licença de parto, visto estar grávida - outro facto inédito. Quanto ao jogo, será intenso e vibrante, sendo os adeptos do  Valadares sempre muito interventivos e dentro de campo ambas equipas gostam de jogar a disputar sempre a bola. De qualquer modo, a eliminatória estará longe de ficar resolvida, dado o equilíbrio de qualidade apresentado até agora.
 
No outro encontro teremos "o jogo" que despertará todas as atenções. Nada a fazer contra a grandeza do impacto dos chamados grandes. Aproveitar a embalagem e procurar estar o mais perto possível, seguir as boas práticas em termos de trabalho e divulgação, é o que de mais sensato os clubes mais pequenos deverão fazer.
 
Benfica x Braga, duas equipas profissionais, que trabalham diariamente nas melhores condições possíveis em Portugal, será o tal "jogo". Espera-se uma Tapadinha cheia, de adeptos das duas equipas e também de jogadoras de futebol, que têm este fim de semana de folga e não querem perder pitada de um grande jogo em perspectiva.  
 
O que se pode esperar para este jogo?
 
Um Benfica super motivado para atingir um dos objectivos traçados para esta época inicial: chegar à final da Taça de vencê-la. Com jogadoras muito talentosas e experientes, ainda não soube verdadeiramente o que são dificuldades. Ficam no ar duas interrogações: como se irá comportar perante um adversário mais forte, à sua medida, já que até agora as duas únicas vezes em que sentiu um pouco mais de dificuldade foi com o Sporting 'B'; conseguirá o treinador João Marques quebrar o enguiço contra equipas grandes como a sua? Domingo teremos a resposta.
 
O Braga tem tanta sede de ganhar como o Benfica, já que poderá estar muito próximo de ganhar os três troféus em disputa na época, sendo que já venceu o primeiro: a Supertaça. Do que se tem observado recentemente parece estar a acusar algum cansaço, mas isso poderá ser aparente. A equipa de Miguel Santos tem muita personalidade, sendo liderada em campo pela capitã, Vanessa Marques (a fazer uma época brilhante). O seu ataque é fortíssimo, tanto técnica como fisicamente. Esse será, talvez, o maior trunfo do Braga, já que a defesa do Benfica ainda não apanhou nenhum ataque assim.
 
Os ingredientes para um grande jogo estão todos lá. Uma casa, certamente, cheia ou perto disso. Tempo ameno. O que mais se poderá desejar?
- Uma equipa de arbitragem à altura das intérpretes e um público que se manifeste de forma vibrante, apaixonada, mas correcta. Insultos não fazem parte do desporto.
 
 

terça-feira, 19 de março de 2019

Futebol feminino - fim de semana de emoções fortes e muito mais!

(Foto: Anabela Brito Mendes - Sports and Girls)

No fim de semana de 16 e 17 de março decorreram dois jogos que opuseram as equipas do SL Benfica e o Sporting CP, no escalão sub 17 (16 de março) e séniores femininos (17 de março).
Tive a oportunidade de assistir aos dois e, permitam-me que realce que fiquei deliciada com o jogo das sub 17. Mais que o resultado, favorável ao Sporting CP, foi o constatar ao vivo a recente realidade que o futebol feminino nacional atravessa. Há cada vez mais miúdas e raparigas a jogar futebol. Deixa-me extremamente feliz e confiante que o futuro futebol feminino nacional não só pode como vai ser risonho.
O entusiasmo vivido quer dentro do terreno de jogo, quer pelos espetadores revela que o futebol feminino está em “estado de graça”. Os dados estão lançados e não há forma de parar este desenvolvimento. O aparecimento dos clubes ditos grandes permitiu dar mais e maior visibilidade ao futebol feminino nacional e, desta forma, chegar cada vez a mais adeptos de futebol em geral. Alias, atrevo-me a dizer que, se tais clubes não aparecessem, duvido que estivéssemos no presente momento a assistir a esta viragem no futebol feminino nacional. É injusto para com todos os outros que andam há anos a lutar pelo futebol feminino? É, sem dúvida. Mas o que desejo é que, daqui em diante, todos possam crescer dentro das suas realidades e proporcionar cada vez mais melhores condições não só às jogadoras mas também a treinadores e demais elementos imprescindíveis para o bom funcionamento de qualquer equipa.
Os eventos da “Festa do Futebol Feminino”, que decorrem nas Associações Distritais de Futebol e cujos vencedores se apuram para o evento final a realizar no Estádio Nacional, nos escalões Sub 13 e Sub 15, movem milhares de raparigas e fazem-nas sonhar que é possível ser jogadora de futebol em Portugal (algo impensável há meia dúzia de anos). É certo que nem todas lá chegarão e a gestão das suas expetativas em momento algum deve ser descurado, sejam pelos pais seja pelos treinadores.
Regressando às emoções do fim de semana e ao nível sénior, o jogo que opôs o Sporting CP “B” e o SL Benfica, no domingo passado, deixou-nos alguns indícios do que podemos esperar para o ano, quando estas equipas se encontrarem na Liga BPI. O Sporting CP “B”, ao apresentar-se com alguns reforços de peso, da sua equipa principal, deixou muito boa imagem nunca virando a cara à luta. O jogo foi agradável de seguir e quem se deslocou a Alcochete não saiu defraudado na expetativa de ver um bom espetáculo. O resultado sorriu para a equipa encarnada, mais adulta e que soube aproveitar cirurgicamente as oportunidades que lhe surgiram. O primeiro grande teste à real capacidade desta equipa do Benfica está marcado para o próximo dia 24/03/2019, na primeira mão das meias-finais da Taça de Portugal, contra o SC Braga. O estádio da Tapadinha prepara-se para receber uma das suas maiores assistências seguramente.
E por falar em assistências, que dizer dos mais de 60 mil espetadores que assistiram ao encontro de “La Liga”, na vizinha Espanha que opôs o Atlético de Madrid, de uma das nossas maiores referências atuais, Dolores Silva ao Barcelona. Já há uns tempos atrás tinha abordado esta temática das assistências no futebol feminino e foi sem grande espanto que tive conhecimento que os bilhetes para a final do próximo Campeonato do Mundo, a disputar em França, esgotaram cerca de 30 minutos após o início da venda online. Os ventos de mudança são transversais no mundo inteiro, cada qual dentro da sua realidade.
Razão tem o presidente da UEFA quando afirma que o “futebol feminino tem um potencial ilimitado e tem desenvolvido um conjunto de programas de apoio às federações nacionais”.

sexta-feira, 15 de março de 2019

Liga BPI - jornada 18



Regressa a Liga BPI, após interrupção para a Algarve Cup e os oitavos de final da Taça de Portugal.
Já havendo pouca coisa para lutar, tirando o Braga e Sporting pelo título e o suposto lugar do pódio, o terceiro, há nesta jornada alguns encontros bem interessantes. Vejamos:

Valadares Gaia vs Vilaverdense - embalado pela vitória na Taça, eliminando o Fofó em casa deste, o Valadares tem tudo para fazer um jogo bem jogado e conquistar os 3 pontos. O Vilaverdense ainda tem alguma esperança na manutenção, mas este será um jogo difícil para a recuperação. 

Boavista vs Braga - mais um jogo difícil para o Boavista, que deve estar desejando que a época acabe, para reflectir e iniciar outro projecto. Seria fundamental que a direcção do Clube olhasse para o futebol feminino com o respeito que merece e delineasse uma estratégia de recuperação da modalidade. O Braga vai ter um jogo tranquilo, bom para fazer descansar algumas jogadoras, caso seja necessário, para estarem em melhores condições para a meia-final com o Benfica a 24 deste mês.

Clube de Albergaria vs Sporting - ainda sem derrotas nesta 2ª volta, o Clube de Albergaria está em 4º lugar e nas meias finais da Taça. Neste jogo frente ao Sporting irá ter bastantes dificuldades porque o adversário não vai querer perder mais terreno até ao confronto final com o Braga, que ocorrerá na última jornada. Em circunstâncias normais a única dúvida está nos números, porque a vitória será do Sporting.

Estoril Praia vs Futebol Benfica - o jogo da jornada. O Estoril super moralizado com o jogo que fez frente ao Braga, deverá bater o pé a um Futebol Benfica que estará ainda a lamber as feridas da eliminação frente ao Valadares. O resultado será uma incógnita, embora o Fofó tenha no seu conjunto maiores soluções para vencer. Será seguramente um jogo aberto e bastante agradável, para merecer uma deslocação à Amoreira.

Marítimo vs Ovarense - jogo bastante enigmático entre as duas equipas estreantes da Liga BPI. O Marítimo tem tido um desempenho muito bom, estando no 6º lugar da tabela. A Ovarense ainda respira acima da linha de água, mas a classificação não espelha a sua capacidade de luta e entrega ao jogo. Ainda assim, o Marítimo será favorito à conquista da vitória.

Ouriense vs A-dos-Francos - jogando em casa, entre iguais o Ouriense é favorito. No entanto, a derrota pesada, que ditou a eliminação da Taça frente ao Benfica, poderá ter deixado marcas nas jogadoras. O A-dos-Francos tem jogado bastante solto e sem pressão, podendo assim causar algum sufoco à equipa da casa, já que não tem nada a perder.

Bons jogos por todo o país, o tempo vai estar propício para que as pessoas se desloquem aos estádios.
Vale a pena ver futebol feminino, pela qualidade do jogo e pelos golos que animam todos os jogos.

terça-feira, 12 de março de 2019

Borges e Couto - talento ilimitado


Numa iniciativa do Museu do Sporting Clube de Portugal, foi possível ver e ouvir duas das jogadoras mais talentosas que o futebol feminino português já conheceu: Carla Couto, a jogadora do século, embaixadora do futebol feminino e actualmente a desempenhar funções no Sindicato dos Jogadores, e Ana Borges, que para além de jogadora do Sporting é internacional A e tem no seu currículo vários anos de experiência no estrangeiro, nomeadamente em Espanha, Estados Unidos e Inglaterra.
Percorrendo algumas salas do Museu, ambas deram a conhecer as diferentes realidades que separam estas duas gerações. A Carla Couto começou a jogar futebol um ano após a Ana Borges ter nascido. 
Apesar disso, ainda coincidiram na selecção nacional, muito por força da longevidade da carreira da Carla.
Esta iniciativa teve o condão de ouvir História pela boca das protagonistas. As dificuldades, os sucessos, as transferências, a paixão pelo jogo. Houve gente interessada que fez perguntas e tudo decorreu de forma bastante agradável e descontraída, mas sempre com grande sentido do dever. E, ali, o dever era o de serem promotoras do futebol feminino, mais do que contar a sua própria história - coisa que ambas fizeram muito bem.
Estas actividades são altamente recomendáveis, para que toda a gente saiba quem são as nossas protagonistas, mas também quem são as que fizeram o passado. Para que as jovens jogadoras possam admirar não só os craques, mas principalmente as craques.
E, no fundo, nem sequer são actividades que exijam uma grande logística e podem ser feitas em todos os clubes.



segunda-feira, 11 de março de 2019

A emoção dos quartos-de-final da Taça de Portugal BPI

(Foto: Sports and Girls - Anabela Brito Mendes; Arnaldo Amador; Maria Garcia)

Já se sabe que os jogos da Taça de Portugal são sempre uma festa e qualquer clube deseja chegar o mais longe possível e, quem sabe, chegar à final no mítico estádio do Jamor.



Os jogos do passado domingo não fugiram a essa regra e viveram-se momentos de grande festa por parte dos clubes que avançaram para as meias-finais, que serão disputadas a duas mãos. Nestes quatros jogos, há que salientar os jogos que opuseram o CF Benfica ao Valadares e o Estoril Praia ao SC Braga, sem qualquer desprimor para os outros dois, que também merecem toda atenção e destaque.



Excluindo a vitória esmagadora e por números expressivos do SL Benfica (marcou tantos golos como os registados nos outros 3 jogos - 16), houve emoção e nervos até ao final nos dois jogos entre equipas da Liga BPI.



O jogo no Futebol Benfica foi eletrizante e a incerteza no vencedor durou atá ao final dos 90 minutos. A vitória sorriu ao Valadares, mas podia ter caído para o lado das visitadas. Foi um excelente jogo para promoção da modalidade, com muitos golos de elevada qualidade técnica. 



Na Amoreira, o Estoril Praia, a única equipa a "roubar" pontos na Liga BPI ao líder isolado SC Braga, recuperou sempre da desvantagem e levou o jogo para prolongamento, obrigando o clube visitante a mostrar as credencias que o levou a eliminar o atual detentor da Taça de Portugal, o Sporting CP.



O Albergaria venceu sem grandes dificuldades o vizinho Cadima, num jogo em que a experiência e outro nível competitivo fez a diferença, seguindo justamente para as meias-finais. Se tiver oportunidade não a vai deixar fugir de estar novamente no Jamor.
O jogo SL Benfica - CA Ouriense não tem história. O resultado final diz tudo e poucas considerações podem ser efetuadas a não ser reforçar que a equipa lisboeta está preparada para qualquer desafio até chegar ao Jamor e será um sério candidato à vitória.



Mas, estes 4 jogos não são apenas motivo deste post pela sua qualidade, emoção e incerteza quanto ao resultado final. É também motivo para escrever estas linhas o empenho e destaque com que a FPF tratou estes quartos-de-final. Só não viveu as emoções destes jogos quem não quis assistir à transmissão via streaming que a FPF proporcionou a todos os adeptos de futebol. O SL Benfica foi o único que ficou de fora, mas ainda assim transmitido pelo seu canal próprio.



Só se quisermos ser pouco agradecidos é que não conseguimos reconhecer quanto o futebol feminino em Portugal tem vindo a crescer e a mudar, com a chancela da FPF. Há poucos anos andávamos a "discutir" se a final da Taça tinha ou não transmissão...agora tivemos a possibilidade de, pelo menos, ver três jogos em direto. Podem argumentar que este tipo de ações em pouco desenvolve o futebol feminino nacional. Mas, não podem argumentar é que este tipo de ações é fundamental para captar mais adeptos e espetadores, potenciar o aparecimento de parceiros/patrocinadores e, no limite, permitir às miúdas sonharem que o seu dia chegará. 



A logística para transmitir os jogos via streaming pode não ser uma grande dificuldade mas implica recursos humanos e materiais que poucos clubes dispõe.



Eu cá quero é que estas ações continuem e que me permitam viver as emoções da Taça de Portugal se não puder deslocar-me a nenhum dos campos.



Ainda mais agora que o sorteio ditou uma final antecipada entre o SC Braga e o SL Benfica. E se o jogo em Lisboa é expectável que o vá ver ao vivo, o que se vai disputar em Braga dificilmente, até porque fica no meio do fim-de-semana de Páscoa.

sexta-feira, 8 de março de 2019

Madalena Gala e Mara Vieira nos quartos da Taça


Joga-se este fim de semana os quartos de final da Taça de Portugal. Das, somente, quatro treinadoras que treinam na Liga BPI, três delas estarão em acção. Paula Pinho verá o seu Clube de Albergaria receber o União Cadima. As outras duas, Madalena Gala e Mara Vieira, irão defrontar-se num jogo já muitas vezes repetido em todas as provas: Futebol Benfica - Valadares Gaia.
No seu ano de estreia como treinadora principal, Madalena Gala tem conseguido trazer o Fofó nos lugares cimeiros. Com uma equipa onde habitam alguns pesos pesados do futebol feminino, Sílvia Brunheira, Edite Fernandes e Andreia Silva, a jovem treinadora de 26 anos não hesita em dar oportunidade a jogadoras mais jovens, como é o caso de Inês Salvador, Catarina Pereira e até de Patrícia Balão. Essa mistura faz do Fofó uma equipa que gosta de ter a bola e apresenta um bom futebol e que luta até ao fim pelos seus objectivos.
Mara Vieira regressou ao Valadares no início deste ano, depois de por lá ter estado de 2012 a 2014, tendo iniciado o projecto para o futebol feminino que ainda hoje vigora na clube de Gaia. Esse projecto foi premiado pela UEFA, com o "Best Grassroots Club 2014 - UEFA Grassroots Programme Silver Award". Isso diz bastante sobre a Mara como treinadora, com um currículo que fala por si, e  que tem como grande característica ser uma acérrima da periodização táctica do Professor Vitor Frade. Consigo ao comando o Valadares ainda não estabilizou por completo, mas espera-se que o consiga assim que as jogadoras se tornem mais identificadas com os seus métodos. E, seguramente, veremos um Valadares forte e competitivo.
Mais do que aquilo que serão as diferenças nas características de cada uma, está o facto de ambas mostrarem no seu percurso que o futebol é o seu desporto de eleição. E que não se inibem de trilhar diversos caminhos, uns mais bem sucedidos do que outros, naturalmente, para evoluírem nas suas carreiras. Portanto, tudo aquilo que o futebol feminino precisa:
- mulheres que gostam do jogo, sabem do jogo e querem estar dentro do jogo.
Cada vez há mais mulheres assim e urge que os clubes apostem nelas e que as instituições oficiais, tais como associações e a própria Federação criem um programa de apoio e suporte às mulheres no futebol. Falamos de treinadoras, mas o mesmo se deve passar para dirigentes.
Por fim, e é por isso que falamos de Madalena e Mara, o jogo.
Futebol Benfica e Valadares Gaia andam a defrontar-se desde 2013. Quase seis anos, em que já houve de tudo no campeonato nacional e duas finais ganhas para cada uma das equipas: Taça de Portugal para as de Benfica e Supertaça para as de Gaia.
O jogo de domingo será mais um jogo bem disputado, com domínio repartido e em que o Futebol Benfica terá um ligeiro favoritismo, não só por jogar em casa, mas por ter jogadoras com bastante experiência neste duelo particular, experiência essa com grande percentagem de sucesso. Mas esse favoritismo não servirá de nada, se não trabalhar muito e bem o jogo todo. A equipa do norte não vai querer deixar passar a oportunidade de chegar às meias finais.
Domingo, 14 horas, Estádio Francisco Lázaro, Madalena Gala e Mara Vieira no confronto que ninguém pode perder.